sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Esperando um raio tricolor de seis anos atrás

O Campeonato Brasileiro de 2005 rebaixou Coritiba, Atlético-MG, Paysandu e Brasiliense. Paranaenses e mineiros voltaram rapidamente à elite; já os paraenses e candangos jamais sentiram o gostinho da Série A novamente, e hoje militam na ingrata Série C.

Mas na primeira metade daquele torneio, outra equipe ocupava a famigerada zona do rebaixamento: o São Paulo, que poucos meses antes havia conquistado a América com um implacável título da Libertadores.

Na ocasião, o mau desempenho tricolor era visto com certa naturalidade, e atribuído à euforia do título continental. O São Paulo havia colocado jogadores reservas em muitas partidas do torneio e torcida e diretoria não escondiam que o Brasileiro acabara por se tornar algo irremediavelmente desinteressante. No decorrer do campeonato, o São Paulo voltou aos trilhos e fez uma campanha que ainda o colocou no 11º lugar, à frente de times como Vasco e Flamengo, que haviam começado o campeonato com aspirações maiores.

Pois bem: seis anos depois, o Santos parece repetir a trajetória tricolor. Após a derrota para o Coritiba por 3x2, numa Vila Belmiro vazia e melancólica, o Peixe entrou na zona do rebaixamento e é possível que passe a virada de turno entre os quatro piores do torneio.



A diferença é que - e os são-paulinos me corrijam se eu estiver errado - enquanto no caso do São Paulo a "crise" era vista como reflexo de um desinteresse pelo campeonato, o Santos tem perdido porque... tem jogado mal. Se há desprezo pelo Brasileirão, ele é indireto, escondido, e ocorre apenas no tal submundo dos bastidores.

Neymar, mais uma vez, jogou muita bola. Teve ao seu lado um Borges esforçado que foi às redes duas vezes e só não chegou ao hat-trick por méritos de Edson Bastos - é regra atribuir a perda de um pênalti única e exclusivamente ao batedor, mas no caso da partida de quarta acho mais justo enaltecer o arqueiro do que detonar o Humberlito. Mas o meio-campo santista foi pífio. Ganso foi mal, mais uma vez. E os três volantes que ao lado dele atuaram também não ajudaram muito. Arouca não é armador e, colocado nessa função, acaba sendo queimado. Henrique não funcionou, como não tem funcionado.

Tropeços também ocorreram numa defesa que não soube se portar e por parte do goleiro Rafael - que vem falhando seguidamente e que se tornou uma preocupação que o santista não tinha até algumas rodadas atrás.

O São Paulo acabou como campeão mundial de 2005, e falar que o time passou por alguma "crise" naquela temporada de três títulos (teve também o Paulistão) hoje em dia parece piada. Pode ser que aconteça a mesma coisa com o Santos. Mas não está muito fácil acreditar.

Um comentário:

Eduardo Maretti disse...

Creio que o Santos começa o retorno aos trilhos em setembro, após a malfadada janela européia.

Fico me perguntando qual é o tamanho da responsabilidade do Muricy nessa campanha e vou escrever sobre isso ainda. Seu estilo de jogo, seu esquema tático não me convencem. O Santos jogar com TRÊS volantes na Vila Belmiro precisando vencer (seja contra o adversário que for) não tem precedentes, pelo menos que tenha dado certo. Não dará. É um absurdo.

Ganso já deveria ter sido vendido. Henrique até agora é pífio e não sei por que Felipe Anderson não joga (só entra com o jogo perdido). Será que Muricy o vê como um "filé de borboleta"?