segunda-feira, 27 de maio de 2013

Primeiras impressões sobre o Mané Garrincha

Ao fundo, as imensas filas em volta do estádio
Quando acabei de subir os poucos degraus da escada que ligava o corredor de acesso do Mané Garrincha às arquibancadas, não me contive e soltei uma interjeição daquelas impublicáveis. Positiva, que fique claro; similar às que falamos quando somos submetidos a uma rápida e inesperada alegria. Pois foi isso que senti: alegria, emoção, felicidade por estar diante de um estádio lindo, lindíssimo, suntuoso, avançado, confortável. Exatamente o que torço para o futebol brasileiro, digno de receber jogos de Copa do Mundo, coisa de aumentar o orgulho nacional.

Há lugares para todos, a visibilidade é perfeita, a arquitetura impressiona. Ninguém precisa se esgoelar e empurrar os outros para assistir ao que rola em campo. A sonoridade é também excepcional - a ponto, inclusive, de incomodar os ouvidos no intervalo.

(Parêntese: sim, eu sou "a favor do futebol moderno" - a tomada de posição é necessária, uma vez que esse se tornou um dos debates mais sem-graça e, simultaneamente, fortes aqui no Brasil. Da experiência de quem esteve inúmeras vezes na Vila nos últimos anos, digo que é bem legal estar em um estádio em que pode se ver o jogo sem esforço. É bom também ter lugares marcados, respeito aos setores, um aspecto limpo. A torcida do Flamengo realmente não incendiou o estádio e deu ao campo uma cara de teatro; mas isso, a meu ver, é mais resultado de o jogo ter sido realizado em uma cidade com um público pouco habituado a ver o time em campo do que à arquitetura ou coisa que o valha do campo.)

Mas os elogios, infelizmente, resumem-se à arquibancada propriamente dita. Fora dela, no acesso ao estádio e em quase tudo o que antecedeu a chegada ao campo, o Estádio Nacional de Brasília e seus responsáveis estão reprovados. Bem reprovados.

A compra do ingresso foi uma epopeia das mais cansativas. Assim que a venda começou a ser realizada, pelo Ingresso Rápido, me prontifiquei e adquiri a entrada - não sem antes ter sofrido bem com as quedas no site e com a falta de informações. Mas a chatice para a compra do ingresso foi bem, bem inferior à encontrada para a retirada do bilhete. Somado todo o tempo que gastei para pegar minha entrada, foram mais de cinco horas, e três jornadas diferentes. Teve gente que sofreu até mais do que eu. Horrível.
Os detectores de metal que causaram fila

Mas voltemos a falar sobre o jogo. A chegada ao estádio, se destacou-se positivamente pela segurança - fruto mais da boa postura dos brasilienses e turistas do que de uma ostensividade policial - foi triste sob o ponto de vista da organização. Era preciso andar uma razoável distância a pé até se chegar próximo do estádio - nada que adultos saudáveis não façam sem dificuldade, mas algo impraticável para idosos, pessoas com deficiência e outros com problemas de locomoção. Porém, irritou mais do que isso a quantidade bizarra de filas que se encontrava. Filas, filas e mais filas. E sem NENHUMA explicação. Ao torcedor, cabia tomar posto em uma linha de espera e orar para que ela desse o acesso esperado. Não se esclarecia a que setor se destinava cada uma das entradas, e nem se seria feita alguma distinção. E isso se comprovou após termos rodado desesperadamente atrás de uma orientação; uma funcionária identificada nos 'informou',  com simpatia: "a fila é tudo igual, é só depois que separa". Então tá.

Entre chegada à fila e entrada no estádio, se foram uns bons 40 minutos. Grande parte da espera se devia à necessidade de se passar por detectores de metal - a la aeroporto, com direito a deixar os itens magnéticos em uma caixinha ao lado e tudo o mais. Iniciativa louvável, mas que não fará sentido se mais detectores não forem espalhados. Eram muito poucos para os mais de 65 torcedores presentes.

Mas, putz, o estádio é lindo
Após a passada pelas catracas, mais um pouquinho de desorganização e espera. E, no caminho entre as rampas e o campo, se materializava um estádio com aquele jeitão de casa onde a reforma não foi concluída, sacam? Sabe quando aquele amigo recém-casado ou que mudou-se há pouco o convida, e você vê um belo contraste entre uma TV de LCD com o plástico ainda reluzente e um interruptor sem os espelhos protetores? Ou um sofá lindo e novo compondo o ambiente com uma lâmpada saindo do teto pendurada diretamente pelos fios, sem o lustre? Então, foi assim que o Mané Garrincha e seu chão de concreto, poeira aparente e sinalização improvisada se manifestou.

Havia filas para a compra de itens - entre eles, a água a R$ 4 e a cerveja a R$ 8 - e os banheiros não estavam grande coisa. O primeiro mundo não se fez tão presente assim.

De certo modo, tudo isso compensou quando, retomando o início do post, subi as escadas e dei de cara com o campo de jogo e as arquibancadas o circundando. Não é o certo a se fazer, eu sei, mas acabei esquecendo um pouco dos problemas quando me deparei com tudo isso.

Voltarei ao Estádio Nacional para Brasil x Japão no início da Copa das Confederações. É torcer para que as coisas estejam mais ajustadas - e que o Mané Garrincha não pareça mais aquela casa recém-reformada.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Mentiras sobre o time do Muricy

Foto: Ricardo Saibun/ Santosfc.com.br
O Santos descolou um 0x0 sem-vergonha com o Joinville e, como havia vencido lá em Santa Catarina, passou de fase na Copa do Brasil. OK.

Assisti ao jogo pela ESPN, com a transmissão dos competentes Dudu Monsanto e Paulo Calçade. Talvez para dar uma valorizada na partida, em diversos momentos eles repetiram frases como "o time ainda sente a perda do Paulista, que foi há pouquíssimo tempo, aqui mesmo na Vila" e "a equipe está cadenciando o jogo, o 0x0 classifica o Santos".

Não. Não é por aí.

Tenho pra mim que, ainda que o Santos tivesse vencido o Paulistão de forma magistral e/ou perdido de 4x0 em Joinville e precisasse do resultado, a bolinha sem-vergonha seria a mesma.

Por um simples motivo: o time do Santos, hoje, é RUIM. E pronto.

Ruim, ruim mesmo, saca? Ruim, precário, fraco, como tantos outros times que o Santos e os demais gigantes do futebol tiveram ao longo de suas histórias. Triste de ver, tal qual o Peixe de 1999 de Paulo Autuori, o de 2008 de Leão e Cuca, o de 2005 de Nelsinho Baptista e por aí vai. OK, talvez não tão ruim quanto esses mencionados, mas um time sem graça, sem condição de fazer boas partidas.

"Ah, mas tem o Neymar". Pois é, tem o Neymar. A questão é que até ele não tem jogado muito bem. Ontem, fez um primeiro tempo sofrível, pavoroso, de chorar mesmo. Foi melhor no segundo tempo, mas nada de encher olhos, nada de justificar a (justa) fama de melhor jogador do Brasil e um dos melhores do mundo. Isso tem se repetido - de forma irritante e preocupante - ao longo de 2013.

E aí alguém pode questionar o Muricy por impor ao Santos o "futebol de resultados", algo que não combinaria com o time da Vila. Não é isso. O Santos não está jogando mal porque quer - e sim porque, como disse acima, é um time ruim.

Não há desculpas, não há justificativas. O que há é um técnico em péssima fase e que precisa, urgentemente, deixar a Vila Belmiro. Sem isso não teremos soluções.