segunda-feira, 26 de novembro de 2018

A culpa é minha, a culpa é sua

Dois fatos do futebol do fim de semana recém-encerrado: o tumulto que impediu a realização da final da Libertadores e a despedida de Renato, volante do Santos, dos gramados.

O primeiro evento, claro, reuniu muito mais holofotes do que o segundo. Por ser uma final continental da maior competição com a maior rivalidade do continente, pelo adiamento do primeiro jogo, pela boa qualidade do espetáculo quando a bola rolou. E, claro, para que se debata a selvageria promovida pela torcida do River Plate e suas consequências (até agora não sabidas).

Do segundo poucos ouviram falar, à exceção dos santistas. E o motivo disso é justamente o que quero abordar nesse post. Um total de 4.591 pagantes prestigiou a despedida daquele que seguramente é um dos maiores ídolos da história recente do clube, e seu terceiro maior volante.

Agora uno as duas ocorrências. Claro que o vexame em Buenos Aires é mais chamativo (justamente por ser mais grave), mas não creio ser pouco importante abordar o fracasso que foi o Santos FC, um dos maiores clubes do país, nona-décima maior torcida do país, não conseguir ter cinco mil pessoas para ver o adeus de Renato.

O que quero destacar é que nos dois casos é conveniente colocar a culpa em entidades sobrenaturais, como os "dirigentes", a "polícia", os "comandantes" do futebol, que não conseguem coordenar a segurança, tornar o espetáculo seguro e atrativo, enfim, fazer a roda do futebol girar com mais qualidade.

Porém, apesar de todo esse quadro ser verdadeiro, não dá pra tirar a culpa de gente como... eu e você. Pessoas normais. Fãs do futebol, em maior ou menor escala. Foi um de nós que jogou pedra no ônibus do Boca Juniors. Foi um de nós que ficou com preguiça de ir à Vila e prestigiar Renato. Os "uns de nós" têm dado, a cada dia, sua contribuição para as coisas ruins do futebol. Vamos esquecer de culpar apenas as entidades superioras, amorfas e anônimas.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

"Manda todo mundo embora"

Quando, no ano passado, o Santos demitiu Dorival Júnior, eu escrevi aqui que a queda do treinador representava mais do que uma demissão; mostrava que, no futebol, o que precisa ser feito dá certo. Afinal, o Santos tinha seguido a receita idealizada por todo mundo e acabou dando com os burros n'água.

Agora, nesta reta final de 2018, o horizonte guarda algumas semelhanças. A temporada foi uma montanha-russa para o Santos. Começou ruim, ficou péssima, tornou-se boa e acaba fraca. Vamos ficar numa pontuação condizente com que esperávamos no começo do campeonato. E que não é nem um pouco digna do Santos.

Erros de planejamento - seja lá o que isso quer dizer - explicam, claro, o quadro. O Santos errou em trazer Jair Ventura? Não, claro que não. Ele vinha referendado por um bom trabalho no Botafogo. E a gente não diz que a mesmice de técnicos é um problema sério? O erro esteve em insistir nele. Pior: em não demiti-lo antes da Copa do Mundo, o que daria tempo para o subtituto treinar a equipe.

Cuca chegou, arrumou o time, fez com que a gente lamentasse menos tempo pro trabalho, mas quando a coisa parecia evoluir, veio a má fase atual. Quatro derrotas seguidas é algo que o Santos não pode aceitar em circunstância alguma - ainda mais quando dois dos adversários são Chapecoense e América-MG...

Por isso o título do post. O que parecia um trabalho engatado se mostrou uma baita incógnita, com mais potencialidades negativas do que positivas. Além disso, espera-se um grande desmonte no elenco.

Tudo isso, somado às intriguinhas extracampo que estão marcando a atual passagem de Cuca, dão vontade de que ele siga seu rumo e o Santos escolha o dele. A tempo de termos um 2019 melhor.