quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Em busca de um DNA reverso

No início do ano, quando o Santos ainda não tinha ajeitado o time que acabaria sendo campeão da Libertadores, uma discussão em voga na Vila Belmiro dizia respeito a um suposto "DNA ofensivo" do clube. O Santos é o time que mais marcou gols na história do futebol mundial e é a casa na qual Pelé se consagrou ao mundo, e tudo isto, além de outras passagens, fariam com que o Peixe tivesse sempre a obrigação de atacar, atacar, atacar.

Foi nítido o contraste entre o tal "DNA ofensivo" e os métodos de trabalho de Adílson Batista e, posteriormente, Muricy Ramalho. Adílson saiu da equipe sem deixar saudades e Muricy foi campeão da Libertadores - embora não se possa dizer, de modo algum, que o time que conquistou a América tenha na ofensividade seu traço mais marcante. É só analisar os números: na fase de mata-mata do torneio continental, o Santos superou todos os oponentes na base do vitória-empate, incluindo dois 0x0 nessa trajetória, contra América-MEX (jogo de volta das quartas-de-final) e Peñarol (ida da final).

O fato é que o Santos 2011 não ostentou o tal "DNA ofensivo" exigido por diretoria e parte da torcida - diferentemente da equipe do ano passado, com seus marcantes 10x0, 9x1 e 8x1. Acontece que, como o time estava vencendo, isso não parecia uma preocupação das maiores.

Pois bem: virou o semestre, o Brasileirão começou a engrenar, acabou a Copa América e o Santos vive agora uma sequência de três derrotas consecutivas. Primeiro o "jogão" contra o Flamengo, depois a falha ao aplicar o feitiço contra o feiticeiro sobre o Atlético-PR, e, ontem, um inapelável 2x0 a favor do Vasco, na - de longe - pior e menos encantadora atuação do time na série.

Colocar a culpa pela derrota em Ganso e Elano, que mais uma vez foram bem mal, é um caminho que, embora seja corretíssimo, é o mais curto e um tanto quanto impreciso. É evidente que se os dois jogassem o que sabemos que eles jogam a história poderia ser outra, mas o Santos tem apresentado outras deficiências que não se mostravam até pouco tempo atrás.

Rafael, goleiro até então inconteste e com jeitão de ídolo, falhou feio contra o Flamengo (no primeiro gol rubro-negro) e tropeçou também ontem, no segundo tento vascaíno. A dupla de zaga Durval e Dracena vinha bem, mas passou a falhar em sequência.

É talvez a ausência de Adriano - o menos badalado entre os titulares do título da Liberta - que explique o desequilíbrio pelo qual passa o time. Sem ele, o meio-campo formado por Arouca, Ibson, Elano e Ganso acaba caindo num limbo em que não consegue nem criar nem marcar. O resultado é que o Santos fica acuado.

É interessante ver que, no prazo de pouco mais de seis meses, a ambição dos santistas acabou por ir por uma trajetória oposta à de antes. Ao invés do "DNA ofensivo", o que se quer é um "DNA defensivo", algo que retome o equilíbrio do grupo.

4 comentários:

Cauê Muraro disse...

E se imaginava que o novo treinador fosse dar um jeito na defesa... Isso não passaria, também, por ajustes no posicionamento dos laterais?

Olavo Soares disse...

Com certeza. Ou posicionamento ou pelos laterais propriamente ditos. Na direita estamos com o Pará, eterno interino. Na esquerda é o Léo, que voltou à má fase, após um primeiro semestre ótimo.

Fabricio disse...

Parece obrigação jogar mal o campeonato Brasileiro após vencer uma Liberadores.

É que já estão todos concentrados no Barcelona, entende?

milho disse...

...e estaremos torcendo para que o santos repita o inter ano passado...

no brasileiro e no mundial!