quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Produto nacional

Marcelo Sadio / www.vasco.com.br
Nos anos 80, os craques começaram a ir para a Europa. Zico na Udinese, Careca no Napoli e outros. Os anos 90 viram, além dos craques, os atletas de nível "médio-quase-bom" também tomando o rumo do exterior. E aí, quando chegou a década de 2000, ocorreu um verdadeiro samba do crioulo doido, com jogadores de qualidade mais do que questionável também tomando o rumo da Europa ou de mercados alternativos.

Resumindo: só a exceção da exceção acaba fazendo carreira integral por aqui.

Com todo este contexto, a trajetória de Diego Souza acaba se tornando ainda mais única.

Ele tem em seu currículo uma estadia na Europa: no Benfica, onde esteve em 2005 e 2006 e, segundo a Wikipedia, fez poucos jogos. Mas é no Brasil que sua carreira se consolidou.

Enquanto jogadores de maior e menor qualidade trocavam Ucrânia por Arábia, Coreia por Turquia e Espanha por Inglaterra, Diego ia do Fluminense para o Flamengo. Do Flamengo para o Grêmio. E do Grêmio para o Palmeiras, depois para o Atlético-MG, e por fim (por ora) para o Vasco.

É quase impossível pensarmos em um jogador que tenha sido transacionado tantas vezes por clubes brasileiros em tempos recentes. E com um adendo: se Diego não é craque (certamente não é), não pode ser chamado de mau jogador. Teve bons momentos no início da carreira, foi um dos principais nomes do Grêmio vice-campeão da Libertadores de 2007, comandou aquele Palmeiras que acabaria fracassando no Brasileiro de 2009 e, agora, é um dos pilares do Vasco que ganhou a Copa do Brasil e luta sério pelo título brasileiro.

Reitero: Diego Souza não é craque. Mas é mais jogador do que, numa pensata rápida, André (ex-Santos, atualmente no Atlético), Dentinho (ex-Corinthians) e outros que estão ou estiveram recentemente no exterior.

Talvez a razão de tudo isso seja apenas uma questão empresarial - quem controla a carreira de Diego pode não ser tão bem relacionado ou não tão ávido para ganhar as comissões que chegam depois de uma transação internacional. Mas não deixa de ser um fato interessante e contra a situação vigente.

Um comentário:

Fabricio disse...

Excelente postagem. O mais engraçado é que jogadores que mal chegaram no time principal, já possuem propostas do exterior e dão entrevistas como reis da cocada preta, vide Vinicius, atacante do Palmeiras que chegou a fazer um corpo mole para ser liberado.

Pior que se eu ver ele na rua não sei nem quem é.