quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Uma seleção que diverte

(Aviso: este blogueiro não foi subornado pela CBF, não tem esquema com a Nike, não é contratado pela Globo e nem tem parentesco com o Galvão Bueno. Até estou aberto a negociações, mas elas ainda não apareceram.)

Às vezes parece que reclamar da CBF e da seleção brasileira virou uma certa obrigação na "opinião pública". Por conta de desmandos e incompetências da cartolagem nacional, as pessoas aderiram a um piloto automático que as faz contestar tudo e qualquer coisa que envolva a camisa amarela, Ricardo Teixeira e afins.

É só isso que explica, ao meu ver, a rejeição que os dois Brasil x Argentina enfrentaram em muitos veículos e conversas de bar por aí. Digo isso porque essas partidas - apesar do péssimo nível técnico do jogo de Córdoba - reuniram muitas coisas reivindicadas por muita gente para a seleção brasileira. Senão, vejamos:

- jogo contra um adversário de grande porte: é uma Argentina doméstica, mas ainda assim é a Argentina. Não é Gana, Omã, Estônia ou outras tranqueiras com quem o time jogou recentemente;

- jogo no Brasil: choveram (com razão!), nos últimos anos, críticas ao distanciamento entre a seleção e o povo brasileiro. Pudera: o time fez de Londres a sua casa, tendo Madri como segunda opção. Com exceção das eliminatórias, a seleção mal pisou em solo nacional nos últimos anos. Então nada melhor do que um jogo em território nacional - e a escolha de Belém foi ótima, por ser uma cidade apaixonada por futebol e que está sem times na elite, ou seja, sente a falta de um jogo de nível.

- seleção "brasileira": a seleção tem que ter os principais jogadores de cidadania brasileira, não importando onde atuem. Isso é ponto pacífico. Mas em termos de identificação, é muito mais legal ver com a camisa amarela um cara do Santos, do Corinthians, do Vasco do que do Shakthar Donetsk ou Benfica. Além disso, as convocações dão mais opções a Mano Menezes e aumentam bagagem e experiência dos atletas.

Talvez a maior falha da Copa Roca (ou Superclássico, como queiram chamar) tenha sido a brecha no regulamento que tenha permitido à Argentina convocar jogadores que atuam no Brasil - não por questões técnicas, mas porque isso tira a "pureza" da ideia, do confronto entre as duas ligas.

Fico feliz em saber que teremos mais duelos desses por alguns anos. Vai fazer bem ao futebol. Parabéns, CBF! Parabéns, AFA - mas só por isso, viu? Não se empolguem...

Um comentário:

Eduardo Maretti disse...

Caro, minha rejeição à seleção decorre de uma lenta e inexorável perda de interesse, por vários motivos que seria longo dizer aqui. O distanciamento entre a seleção e o povo tem a ver com diversos fatores, incluindo o que vc coloca no post.

Mas, muito resumidamente, pq virou mesmo um balcão de negócios há muito tempo.

Os jogadores "europeus" não foram convocados não por alguma iniciativa da CBF ou AFA, mas porque essa não é uma "data FIFA", e sim uma "data CBF-AFA". Os principais jogadores dessas seleções disputaram essa semana os jogos da Liga dos Campeões de seus clubes... Tô de saco cheio de ver meu time ceder seus jogadores o ano inteiro, não há atleta ou clube que aguente. É muito, demais, exagerado o n° de jogos da seleção.

Sobre Brasil x Argentina, acho que o excesso de jogos banaliza esse encontro sempre esperado. Apesar disso tudo, gostei do jogo de ontem.

abraços!