quarta-feira, 27 de julho de 2011

Para espantar a 'urucubaca'

O São Paulo não tem outra opção, hoje à noite, senão vencer o Coritiba. Tudo bem que o jogo será no Couto Pereira. Além do mais, Adílson, nosso novo treinador, ostenta um retrospecto nada invejável neste Brasileirão.

O pobre coitado ainda não venceu uma única partida na competição. Fico me perguntando o que passa na cabeça de um cartola que decide trocar o eterno "auxiliar" Milton Cruz, com suas duas vitórias consecutivas, por um treinador que caminhava a passos largos rumo ao rebaixamento, com o Atlético Paranaense.

Este ano, ao que parece, tudo conspira contra o Tricolor neste Brasileiro - inclusive a própria diretoria. A salvação tem de vir dos pés dos jogadores. Se eles tiverem vergonha na cara, conseguirão ser maiores do que as adversidades que se acumulam no horizonte são-paulino.

Uma vitória fora de casa, no momento atual, além de resgatar a autoestima do grupo, serviria para compensar os pontos bestas perdidos pelo time, recentemente.

Nunca tive dons de profecia, diferentemente do jovem Daniel, que era capaz de resistir à tentação dos alimentos impuros e sair com vida de uma toca repleta de leões.

Em todo caso, me arrisco a dizer que temos condições de levar os três pontos, hoje à noite. O placar? Digamos uns 3 a 1 para o Tricolor. Já que é para me tornar alvo de chacota dos adversários, ao menos me deixem sonhar por alguns instantes. E já que falei em Daniel, vai outra profecia: nossos pretensos rivais pelo título não passam de gigantes com pés de barros, tal como o que amedontrava Nabucodonosor.

Olé

Torcedor com excesso de cautela deixa de se divertir enquanto assiste a uma partida de futebol. Tudo bem que não acho certo sair por aí cantando vitória antes de hora, porque esse tipo de postura representa o caminho certo para a frustração.

Corria o ano de 2002. O SPFC acabava de empossar sua nova diretoria, com o saudoso Marcelo Portugal Gouveia, que, anos mais tarde, conduziria o clube novamente ao topo de mundo. Os cartolas assumiram trazendo na bagagem uma carreta de promessas, que incluíam a contratação de reforços badalados para o time.

Então, um belo dia, acompanhado do então futuro jornalista Marcos Ferreira, resolvi ir ao Morumbi assistir a um jogo do Tricolor contra o Corinthians. Naquela época, vigorava um vergonhoso tabu para o nosso clube.

Se alguém me perguntar detalhes da partida, serei incapaz de fornecê-los. Mas me recordo com clareza que o Corinthians quem abriu o placar, e logo no primeiro tempo. Lá pelas tantas, Nelsinho Baptista (vejam só!) resolveu mexer no time e colocar Adriano - aquele meia que foi campeão do mundo com a Seleção de Juniores, em 93 - entre os titulares.

A mexida deu certo, e em pouco tempo o jogo estava empatado. Mais um pouco e virávamos o placar. Se não estou enganado, Reinaldo, ex-Flamengo, marcou um dos gols. A essa altura da partida, as coisas em campo estavam totalmente dominadas em nosso favor.

Faltava só esperar o apito do juiz, que confirmaria a quebra do tabu. Um grito de "olé" começou a ecoar nas arquibancadas, primeiro de forma tímida, para depois ganhar ares de provocação ao adversário.

Triste ilusão. Doido que estava para garantir a vitória mirrada, Nelsinho decidiu retirar o lateral Gabriel de campo e colocar Ameli no lugar. Em seu primeiro lance na partida, por volta dos 45 minutos do segundo tempo, o argentino fez falta em Gil, perto da área, e o Corinthians igualou a fatura.

Na saída do estádio, ouvi um sujeito resumir o que havia se passado conosco, naquela tarde trágica: "Foi como levar um chute no saco". E ele estava coberto de razão. A grande questão é: nosso grito de "olé" teve alguma relação com esse empate com sabor de derrota?

Por muito tempo, agi como se tal ligação existisse. Evitava gritar olé mesmo quando estava 5 a 0 para meu time. Hoje, percebo que essas situações independem da vontade do torcedor comum. Talvez eu tivesse me divertido mais se não levasse o futebol - e a vida - tão a sério.

2 comentários:

Olavo Soares disse...

Não grito olé em hipótese alguma.

Ou melhor: se estiver nos acréscimos, com três ou mais gols de vantagem, aí até vai.

Mas já até cheguei a discutir em estádio por causa disso. Esse ano, houve quem quisesse gritar olé na final do Paulista, quando o Santos fazia um árduo 2x1 contra o Corinthians. Meu deus.

Fabricio disse...

Isso não é nada. Vi o Palmeiras perder a Taça São Paulo de Juniores contra o Santo André em 2003 unica e exclusivamente por conta do grito "É campeão!" que ecoou na arquibancada aos 25 do segundo tempo após marcarmos 2x0 no placar.

Se eu não consigo gritar "olé" ou "é campeão" nem com 3 gols de lambuja aos 49, imagina a vontade de matar meio mundo naquele momento.