Vamos analisar algumas conclusões precipitadas que emergem após o término do Campeonato Brasileiro.
1. Pontos corridos são chatos, volta mata-mata
Não tem jeito: toda vez que o Brasileiro tiver seu campeão conhecido com muita antecedência, o que será o caso de agora, o grito do "volta mata-mata" ecoará - embora ele já tenha tido mais força, reconheçamos. Eu mesmo sempre fui um inimigo dos pontos corridos, mas hoje não há como negar que abandonar a fórmula seria um retrocesso. Estamos há 10 anos com campeonatos brasileiros em que todo mundo sabe qual a tabela, qual o formato, onde as regras são respeitadas (com um tropeço ou outro), e por aí vai. Não acho que devemos abrir mão disso - e os pontos corridos são a base para essa organização.
2. O Atlético-PR mostrou o caminho: vamos todos ignorar os estaduais
O Furacão faz um ano histórico: está na final da Copa do Brasil (seu melhor desempenho na história do torneio), muito perto de se garantir na Libertadores via Brasileiro e deve terminar o nacional com um honroso vice-campeonato. No começo do ano, o time disputou o Paranaense com uma equipe sub-23 e deixou os titulares aprimorando a forma física e técnica. Soma-se uma coisa à outra (e acrescente a eterna bronca com os estaduais) e tem-se aí uma fórmula mágica. A tábua da verdade vem do Paraná: vamos todos desprezar o estadual e aí é só colher o sucesso no segundo semestre.
É preciso ter calma com isso, por três motivos: o primeiro é que o sucesso apareceu apenas (por enquanto) nesse ano, o primeiro da experiência. Não se pode cravar que a regra se aplicará com todos os outros que se utilizarem da tática. O segundo é que o "pensamento de longo prazo" não foi tãããão real assim no Furacão - o time trocou de técnico no início do Brasileiro; ou seja, não é o mesmo comando desde o início da temporada. E, em terceiro lugar, outros estaduais - em especial o Paulista - são mais competitivos que o Paranaense. Um santista/são-paulino/corintiano/palmeirense pode achar que o Paulistão não vale nem metade do que valem outras taças, mas decerto esse torcedor não quer o rebaixamento da equipe. Vamos esperar o Atlético-PR seguir a ideia ano que vem (além de ver se mais equipes adotam a metodologia) para aí ver se a coisa tem mais procedência.
3. Vanderlei Luxemburgo já era
Ele pegou um Fluminense ruim e entregou ainda pior. Além disso, não conquista algo diferente de estadual há muito tempo. Tudo isso é verdade, mas cabe um pouco mais de calma na hora de dizer que Luxemburgo se tornou um técnico medíocre. Ele ainda tem condições de fazer trabalhos de média qualidade - como o feito no ano passado, quando levou o Grêmio à Libertadores. Já é mais do que muito treinador é capaz de fazer. Deve figurar num time grande ano que vem.
4. O ideal é investir em jogadores baratos
A campanha do Cruzeiro impressiona tanto pelos números assombrosos quanto pela ausência de medalhões no elenco azul. Quem é "o cara" do Cruzeiro? É fato que o time não tem um consagrado como tinha o campeão do ano passado - Fred no Fluminense - e nem mesmo como tivera em 2003, com Alex. Isso mostra uma grande virtude do time cruzeirense, mas é algo que não pode ser interpretado como receita inabalável de sucesso. Dezenas de times foram montados como o elenco atual do Cruzeiro - com uma mescla de jogadores da base, jovens até então desconhecidos e atletas rodados que não emplacaram tanto assim em outros times grandes - e a maioria não deu certo. Ou você soltaria fogos se, no começo do ano, seu time contratasse Dagoberto, Everton Ribeiro e Borges?
5. O que vale é a competência, identificação pode ser desprezada
A filosofia dos "não-medalhões" cruzeirenses se estendeu ao banco, comandado por Marcelo Oliveira - que, até então, tinha uma carreira pequena em clubes grandes. E, mais que isso, carregava (ou carrega?) uma identificação grande com o rival Atlético-MG. Eu não acredito que uma identificação, por maior que seja, impede um profissional de trabalhar em um rival. Mas não podemos negar que é um fator, que, sim, dá sua contribuiçãozinha para que as coisas sejam prejudicadas (o que foi superado no caso atual do Cruzeiro). Se o time azul tropeçasse no começo do campeonato, certamente a atleticanidade de Marcelo seria evocada.
6. O Corinthians foi burro ao investir milhões em Alexandre Pato
Agora o oposto do que aconteceu com o Cruzeiro: o Corinthians investiu milhões em um jogador consagrado que não deu certo. Uma boa matéria do UOL até traçou um paralelo entre os casos, revelando que o montante gasto do Corinthians com Pato compraria todo o Cruzeiro campeão. Então fica a lição de que gastar milhões com um só cara é besteira? Não necessariamente. Pato não vingou no Corinthians por uma série de motivos - e o futebol tem milhões de negócios que se encaixam na categoria do "boas contratações que não deram certo". Pato é só mais um deles. Relançando pergunta de item anterior: quem você gostaria de ver seu time contratando no início do ano, Alexandre Pato ou Everton Ribeiro?
7. Estádio novo é sinal de prejuízo, distanciamento da torcida e maus resultados
O pior time do campeonato, o Náutico, joga em um dos melhores estádios da competição - a Arena Pernambuco, uma das sedes da Copa de 2014. Jogar na nova casa e deixar o tradicionalíssimo Aflitos foi um fator apontado como um dos motivos pelo péssimo brasileirão alvirrubro. O presidente do time chegou até a culpar o bom gramado da Arena - é sério - como elemento relevante. Precisa mesmo comentar? Melhor só recomendar ao dirigente do Timbu - e a quem achar isso - ver o precário e decadente estádio em que joga o Cruzeiro, o campeão.
8. Aposenta, Rogério Ceni / Fica, Rogério Ceni
Aí você pode escolher a sua conclusão precipitada de sua preferência: embora contraditória, as duas pipocaram por aí nos últimos meses. Rogério foi um dos responsáveis, sim, pela má fase do tricolor, que sugeria um rebaixamento - tanto (não) defendendo quanto falhando nas cobranças de pênaltis e faltas. Mas aí o São Paulo ressurgiu e Rogério voltou a jogar bem. E, embora não sendo no Brasileirão, a partida dele contra a Universidad Católica será daquelas lembradas por muitos anos - e virou um argumento para quem defende o veterano. Uma opinião definitiva e "imexível" sobre Rogério é, agora, algo bem precipitado.
9. "Brasília é uma festa", ou "Encontrada a solução para os elefantes brancos"
A abertura do Brasileirão registrou mais de 60 mil torcedores - inclusive este que vos escreve - para prestigiar o primeiro jogo grande do estádio Mané Garrincha, em Brasília, entre Santos e Flamengo. Casa cheia, ausência de problemas sérios de violência, empolgação com o estádio e tentativa de reversão da pecha de "elefante branco" motivaram o Flamengo e outros times a mandarem jogos no estádio. Parecia que ali estava a solução para as caras arenas erguidas em cidades sem muita tradição futebolística. Mas a conclusão precipitada foi se desmontando ao longo do próprio Brasileiro - o público em Brasília decaiu a cada rodada, principalmente por causa da perda do "efeito novidade". Vamos ver como a coisa fica no ano que vem, principalmente no pós-Copa.
10. Ronaldinho Gaúcho faz mal ao Atlético-MG; Fernandinho é o cara
O Galo ganhou a Libertadores e, em seguida - como é quase uma regra entre os times brasileiros - entrou em má fase. Foi eliminado da Copa do Brasil e deixou de vencer no Brasileirão, chegando até a se aproximar da zona do rebaixamento. Ronaldinho não vinha bem. Aí ele se contundiu. O Atlético trouxe Fernandinho, ex-São Paulo, para sua linha de frente e o time melhorou - hoje "briga pela Libertadores", no sentido metafórico do termo.
Apesar de os fatos sugerirem isso, é preciso ter calma para definir Ronaldinho como a chaga do Galo - e ainda mais cautela na hora de considerar Fernandinho um craque. Ninguém alcança o status de Ronaldinho à toa. E o time inteiro jogou mal no pós-Libertadores, não só ele. Quanto a Fernandinho, não há são-paulino que não tenha comemorado quando ele deixou o Morumbi tempos atrás. Deu certo no Galo, é fato, mas que ninguém diga que era uma tacada certeira.
10. Ronaldinho Gaúcho faz mal ao Atlético-MG; Fernandinho é o cara
O Galo ganhou a Libertadores e, em seguida - como é quase uma regra entre os times brasileiros - entrou em má fase. Foi eliminado da Copa do Brasil e deixou de vencer no Brasileirão, chegando até a se aproximar da zona do rebaixamento. Ronaldinho não vinha bem. Aí ele se contundiu. O Atlético trouxe Fernandinho, ex-São Paulo, para sua linha de frente e o time melhorou - hoje "briga pela Libertadores", no sentido metafórico do termo.
Apesar de os fatos sugerirem isso, é preciso ter calma para definir Ronaldinho como a chaga do Galo - e ainda mais cautela na hora de considerar Fernandinho um craque. Ninguém alcança o status de Ronaldinho à toa. E o time inteiro jogou mal no pós-Libertadores, não só ele. Quanto a Fernandinho, não há são-paulino que não tenha comemorado quando ele deixou o Morumbi tempos atrás. Deu certo no Galo, é fato, mas que ninguém diga que era uma tacada certeira.
5 comentários:
Renova rogerio!
E o Pato nao foi tao mal. Eh o artilheiro do time q nao faz gols... triste, mas eh o melhor q ta la.
Juro q ainda acho q ele pode dar certo. So q tem q por p jogar, nao esquentar banco pra improvisar meia de centro avante!
Marcelo Oliveira ainda carrega uma grande identificação com o Galo, não só pelos tempos de jogador, mas também pelos longos anos treinando a base do clube.
Atendendo a pedidos, comentamos aqui o texto do Mestre... A começar por sua afirmação de que era inimigo dos pontos corridos no Brasileirão... Não depois de 2004, evidentemente... Sobre ignorar os estaduais, a menção ao Atlético-PR nos parece ressentimento com o Vagner Mancini (OG)...
Se a afirmação de que "O Luxa já era" não corresponde à verdade, então... "Volta Luxa???"... A respeito da discussão sobre jogadores bons e baratos, queríamos dizer apenas... Borges (OG)... Sobre a questão da competência ser mais importante que o renome, queríamos mandar um alô para o Claudinei... E quanto ao Pato, quem tomou o prejuízo foi a Nike...
Sobre novos estádios e desempenho no Brasileirão, mesmo assim Maikon Leite (OG) fez dois gols pelo Náutico em seu ex-time... Rogério Ceni não larga o osso e Brasília... Pula, pula... A respeito do Atlético-MG, ao menos a equipe não tem um ex-santista no ataque... Para terminar, uma questão polêmica... Seria o Bom Senso FC um movimento tão superestimado como a Democracia Corinthiana???...
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