Não houve meias palavras na fala de Lucas Lima após o jogo entre Santos e São Paulo no domingo, em que o alvinegro fez 3x0. "Tenho desejo de estar saindo, sim. Sempre deixei claro. Mas isso vai acontecer até o fim do meu contrato", respondeu o meia, após ser questionado, mais uma vez (e com razão), pelos repórteres sobre sua possível despedida do Santos, algo que parece ser iminente.
A fala de Lucas Lima - que alguns poderiam qualificar como mais um exemplo de sincericídio - reacende um debate tão antigo quanto irresoluto no futebol brasileiro: vale ao clube manter um jogador com data marcada e/ou desejo declarado de procurar outro emprego?
Os casos são diversos. No próprio Santos, há vários exemplos. O time campeão brasileiro de 2004, por exemplo, perdeu algumas de suas estrelas na virada entre o primeiro e o segundo semestre: Diego, Paulo Almeida, Renato, Alex. Todos fecharam contratos com clubes europeus e esticavam sua permanência no Santos até que a janela do outro continente se abrisse em definitivo. Na ocasião, o então técnico Vanderlei Luxemburgo entendeu que não valia a pena escalar jogadores que poderiam não se empenhar tanto assim em uma bola dividida. O time, repito, foi campeão, no único triunfo do Santos no Brasileirão na era dos pontos corridos. Por outro lado, no ano seguinte Robinho fez beicinho e forçou a barra até que a diretoria o negociasse com o Real Madrid.
Lucas Lima tende a ser um case interessante para esse debate porque seu futebol não é marcado pela "raça", esse conceito tão caro a jogadores de menos recursos. Lima é técnico, refinado, cerebral. No domingo fez um golaço de falta e driblou um são-paulino com um chapéu que será lembrado por anos. Portanto, é possível que ele deixe de lado uma bola perdida ou abra mão de um carrinho para evitar um escanteio adversário. E o que seria visto como natural, no contexto em análise passará a ser identificado como "coisa de jogador vendido".
Não restam dúvidas de que Lucas Lima já está marcado na história do Santos. É talvez o segundo maior jogador santista na década de 2010; perde obviamente para Neymar e rivaliza com outros como Ricardo Oliveira, Ganso, Renato, Léo.
Como torcedor, minha posição é clara: eu tenho o desejo que Lucas Lima "esteja ficando". Compreenderei sua saída, evidentemente. E acredito que ele mostrará o profissionalismo de sempre caso permaneça na Vila mesmo que contratos e propostas se somem em sua frente.
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