E ainda assim, aqui no Brasil havia (há?) muita gente que não levava o futebol alemão a sério.
Movidos por um misto de preconceito, patriotismo equivocado e sentimento anti-colonialista, muitos brasileiros se recusavam a acreditar que o futebol praticado pelos alemães é, sim, de qualidade. E colocavam nos germânicos a pecha de retranqueiros, cintura-dura, caneludos e por aí vai. Para coroar o raciocínio, volta e meia apelava-se à seguinte frase: "a Europa é boa apenas na organização; para formar jogadores, ninguém supera Brasil e Argentina".
Opa opa, peraí. Mas peraí MESMO.
Uma parte da frase é até correta. Não deixemos o vexame de 2014 (e os de 2010, 2006...) nos influenciar: o Brasil tem, sim, a mais bonita história do futebol mundial. Ganhamos cinco copas, proporcionamos jogos épicos e somos o berço de gente como Pelé, Garrincha, Tostão, Ronaldo, Romário e, claro, Rivaldo (melhor falar o nome do cara para não ser atacado...).
Agora a Argentina... bem, não se trata de desmerecer o futebol dos nossos vizinhos. É apenas uma questão de enxergar a realidade. Não há nenhuma lógica em afirmar que o futebol argentino é superior - em qualquer aspecto! - ao alemão. A Argentina teve Maradona e tem Messi? Ótimo, realmente um feito impressionante. Mas a Alemanha teve e tem Beckenbauer, Gerd Muller, Thomas Müller, Fritz Walter, o maior artilheiro das Copas, quatro mundiais no currículo, um futebol de clubes excepcional e tantas outras realizações.
Acredito que o tetracampeonato alemão de agora define, com muita propriedade, quem é o segundo maior país do futebol (o primeiro lugar, reitero, é do Brasil). Embora a Alemanha agora tenha apenas empatado com a Itália, é indiscutível que as quatro estrelas alemãs brilham com mais intensidade do que as italianas - não se pode comparar os mundiais de 1934 e 1938 com 1954 e 1974, apenas para equiparar as duas primeiras taças de cada país. Além disso, no somatório geral a Alemanha vence de longe a Itália, devido a sua participação muito maior em finais e semifinais.
Os 7x1 escancararam a superioridade que existe atualmente da seleção alemã sobre a brasileira. E, depois, os mesmos alemães retificaram sua condição de melhor do mundo ao vencer a poderosa Argentina, e abrir sobre os conterrâneos de Maradona uma vantagem que só poderá ser equalizada no mínimo em 2022. Foi uma lição inequívoca do respeito que os germânicos merecem. Aceitemos isso como um bom legado da Copa.
Na foto, um entre tantos espetáculos proporcionados pela torcida do Borussia Dortmund. Porque se o assunto for a festa fora de campo, eles também estão à frente dos argentinos |
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