domingo, 4 de junho de 2017

Cai Dorival, cai uma "regra" para o bom futebol

O Santos começou 2017 seguindo o manual do-time-que-vai-dar-certo-ao-longo-da-temporada: manteve a base que havia ido bem na temporada anterior, dispunha de um técnico há mais de um ano e meio no cargo, trouxe reforços de qualidade e disputaria a Libertadores. A torcida estava junto. 2017 parecia ser o ano da consagração, da consolidação de um bom trabalho, de colocar a mão em uma taça que não a estadual, algo que não ocorre desde 2011.

Mas o ano passou, os campeonatos foram ficando pra trás, e o tal "longo prazo" que a gente espera que chegue um dia quando apostamos nos "trabalhos a longo prazo" não chegou nunca.

E Dorival - que segue sendo o melhor técnico que já vi nos meus mais de 25 anos de acompanhamento cotidiano do Santos Futebol Clube - caiu. Caiu merecidamente. Caiu porque tinha que cair. Caiu porque não fez esse time jogar bola.

É claro que a responsabilidade não é só dele. O Santos, tal qual muitos dos seus adversários da Série A do Brasileirão, tem um elenco caro. Cheio de lideranças. De jogadores experientes, líderes pro bem e pro mal, que quando parecem que não querem se empenhar e fazer as coisas certo, ninguém segura (sim, Ricardo Oliveira, estou falando com você).

Além disso, há questões estruturais, muito superiores ao comandante do time. O Santos prossegue vítima de uma diretoria frágil. E, neste 2017, o irritante debate que opõe santistas paulistanos e santistas da Baixada voltou com tudo, com uma intensidade que parecia arrefecida.

Mas, porém, contudo, não fazia mais sentido Dorival continuar na chefia da equipe. O Brasileirão é implacável, e esses nove pontos perdidos nas quatro primeiras rodadas cobrarão sua fatura lá em dezembro. Além disso, há a Libertadores - em que passamos de fase, somos o único time invicto, mas não empolgamos nem um grão de areia da praia do José Menino.

Quem vem? Difícil dizer. As especulações estão à solta e até a manutenção de Elano como efetivo não me surpreenderia tanto (será que vem aí o "professor Elano Blumer"?). Levir Culpi é o nome que mais me agradaria. E há um pedaço meu, aquele que crê que o ser humano não desaprende tão fácil o que já dominou, que veria com bons olhos a chegada de Marcelo Oliveira.

Sobre Dorival, da minha parte há a torcida mais do que sincera para que ele seja bem sucedido na carreira. A passagem de 2010 foi estrondosa e essa de agora foi, sem a menor dúvida, mais positiva do que negativa. Dá até uma sensação curiosa: se ele tivesse recebido uma proposta do mundo árabe e fosse nadar em dinheiro ao fim do ano passado, estaríamos todos mais felizes e ansiando por um retorno. Que, acho eu, ainda vai ocorrer.

Por fim, todo esse episódio deixa claro como o futebol brasileiro carrega eternamente sua dose de imprevisibilidade, e que fórmulas prontas não devem ser engolidas. O Santos seguiu o manual. Deu no que deu.

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