Robinho voltou ao Santos e deve estrear já no domingo, contra o Corinthians - o adversário que mais se 'identifica' com sua trajetória na Vila (título em 2002, cinco vitórias consecutivas naquele ano, invencibilidade histórica, aquilo que todo mundo sabe).
A negociação entre Robinho e o Santos foi arrastada. Aliás, a novela esteve longe de se iniciar agora: a cada fim de semestre, o nome do camisa 7 era sempre citado nas especulações citadas ao Peixe. Uma conversa chata, modorrenta, que nunca saía do lugar e, mais grave que isso, revelava o quanto a torcida (e a diretoria) do Santos insistia no sebastianismo. Parece que só teríamos jeito com Robinho, Diego, Elano (isso antes de 2011...) e outros que tanto fizeram sucesso no passado.
É por isso que permaneci reticente a cada vez que Robinho era especulado. Era hora de o Santos mostrar que estava em um novo momento - distante da "magia" dos Meninos da Vila (vamos mesmo crescer com base em crendices, esperando que a natureza faça a sua parte?), e também de ídolos aos quais devemos ser gratos, mas que devem permanecer na história, e não no presente.
Somava-se a isso o fato da má forma de Robinho nos últimos anos. Desde que saiu do Peixe em 2010, ele não brilhou. Foi vítima de um Milan decadente como um todo, mas ele também não fez sua parte. Escondeu-se no time italiano, não foi (merecidamente) para a Copa de 2014, fez pouquíssimos gols e jogos brilhantes.
Mas...
Não se pode jogar fora a relação entre clube e ídolo. E não se discute que Robinho é, sim, um dos maiores jogadores da história do Santos - eu o cravo como o segundo maior da história do clube depois de 1970, atrás apenas de Neymar. Sua simbiose com a torcida, aliás, era maior do que a construída com o hoje camisa 11 do Barcelona. Neymar era reverenciado pela torcida santista por ser um craque; Robinho era por, além de jogar pra caramba, ser um caiçara, um cara da baixada, um moleque com cara similar à de tantos que estavam ali se espremendo nas acanhadas arquibancadas da Vila.
Ele fez o que fez em 2005 - um episódio lamentável - e, desde então, muitos santistas passaram a odiá-lo. Não os condeno. Foi realmente irritante ver um cara com contrato com o clube se recusando a entrar em campo para forçar sua negociação. A questão é que quando colocamos na balança, o que Robinho fizera para o Santos até então era muito, mas MUITO superior à besteira daqueles meses de negociação com o Real Madrid.
Por isso não há como não celebrar a chegada de Robinho agora. Pode dar errado? É evidente que pode. A contratação de Elano em 2011 era um negócio com potencial de risco muito menor e acabou mal sucedida. Mas é possível acreditar que as coisas podem ser melhores agora.
E, putz, se o Santos vencer o Corinthians com uma boa atuação dele... vai ser difícil conter a idolatria.
Foto: Ricardo Saibun / Santos FC
Um comentário:
Opa, sabia que teria post sobre Robinho aqui - rss.
"Escondeu-se no time italiano, não foi (merecidamente) para a Copa de 2014."
Discordo totalmente, Olavo. Em relação ao Milan, o time do norte da Bota faz anos está tão decadente quanto o futebol italiano como um todo. E, como parte de um futebol decadente e sem brilho, ninguém brilha. Quanto a não ter merecido ir à Copa, comentei isso en passant lá no blog. Lá também tinha que ter post sobre Robinho! - hehe. Passa lá!
"Robinho é, sim, um dos maiores jogadores da história do Santos (...) o segundo maior da história do clube depois de 1970, atrás apenas de Neymar."
Concordo totalmente.
É nóis!
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