Hugo Genaro/ Santos FC |
Bem, a comparação salta aos olhos quando se analisa o que cada um dos três citados produziu na carreira. E se faz mais pertinente quando observamos que os dias de glória de Ganso ficaram num distante ano retrasado - sim, houve um jogo-chave na Libertadores de 2011 em que ele foi decisivo, mas ainda assim foi uma partida só e o tempo já andou de lá pra cá. Não há nada que Ganso tenha feito, dentro de campo, nos últimos 18 meses, que justifique a condição de craque que ele ainda carrega.
Mas aí entra uma questão-chave, que o diferencia de Fábio Júnior e Keirrison. E que, se por um lado deixa sua condição ainda mais complexa, pelo menos pode servir de álibi. Me refiro às sucessivas polêmicas extra-campo que Ganso tem vivido. Desde 2010 - quando as coisas ainda vinham bem - sua relação com o Santos não é boa. Ganso é vinculado a uma empresa que se engalfinha frequentemente com a diretoria atual do Peixe. Brigou publicamente diversas vezes por causa de salários - a ponto de recusar uma proposta similar à que faz de Neymar um dos jogadores mais bem pagos do mundo - e, recentemente, viu a coisa chegar ao seu auge quando declarou que "seria um prazer" jogar no São Paulo e viu uma chuva de moedinhas na Vila como resposta.
Todo esse cenário caminha para que seja colado em Ganso o famigerado rótulo do "é craque, mas não tem cabeça". É uma pecha que, acredito eu, nenhum jogador gosta de ter, mas possibilita ao atleta ter sua carreira analisada de modo diferenciado - e a seu favor. O exemplo máximo dos dias atuais é Carlos Alberto, meio-campista atualmente no Vasco. Seu início meteórico no futebol sugeriu que ele seria um worldclass, o que sabemos que não aconteceu. E não há quem não associe sua trajetória opaca com as inúmeras confusões em que se mete. A pergunta é: e se elas não tivessem ocorrido? Será que Carlos Alberto seria, mesmo, um craque? É possível cravar esse destino, como muita gente faz?
Outro paralelo que faço é com o goleiro Fábio Costa. Ele é infindável (e irritante) fonte de polêmicas, como sabemos. Está sem jogar futebol desde o início de 2010, quando teve uma passagem brevíssima e nada saudosa pelo Atlético-MG. Saiu do Santos (por empréstimo) por conta de descompasso com a diretoria do clube e é por esse mesmo motivo que não é relacionado, embora vá ao CT do Peixe todos os dias para treinar. O ponto em que quero chegar é: as desavenças entre Fábio Costa e a diretoria do Santos fizeram com que o desempenho do jogador dentro das quatro linhas, fraquíssimo no biênio 2008/2009, ficasse em segundo plano. Fábio Costa não joga "porque briga com a diretoria e é polêmico". E sim porque é - ou melhor, se tornou - um mau goleiro.
Ainda que Fábio Costa se converta e dedique 75% dos seus salários aos Doutores da Alegria, continuará sendo um mau goleiro, que não quero ver novamente no meu time. Mesmo que Carlos Alberto tome um chá de consciência que o faça ser mais querido que Marcos e Bosco, notórios atletas "de grupo", eu não gostaria de ver o seu futebol a favor do Santos. E o Ganso de 2012 - ou melhor, o Ganso de depois do segundo semestre de 2010 - é um jogador que, acredito, não tem muito a contribuir com o desempenho do time. Ainda que toda a sua situação contratual seja resolvida e pacificada.
As reações ao imbróglio Ganso-DIS-Santos sugerem que ele vai, mesmo, entrar para a história como um "craque sem cabeça". Contará assim com um pouco de condescendência quando seu desempenho for analisado no futuro. Talvez, se Keirrison e Fábio Júnior soubessem o que suas carreiras os reservariam, teriam aprontado um pouco mais.
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