sábado, 14 de abril de 2012

Minha homenagem ao centenário do Santos: quando o Peixe abriu mão da arte e dos meninos

Não há como não associar o Santos ao futebol-arte. É o time em que foi revelado e se consagrou o maior jogador de todos os tempos; é também a equipe que retomou seu lugar de grande com sete pedaladas e no último Brasileiro da era dos mata-matas – e logo derrotando o técnico que virou sinônimo de futebol de resultados; e é, nos dias atuais, quem tem o maior jogador de futebol do país além de outros atletas promissores. Não à toa, o slogan das comemorações do centenário santista é “100 anos de futebol arte”.

É claro que a arte não esteve presente de maneira ininterrupta nestes 100 anos. O Santos teve muitos times ruins, especialmente em três eras: nos anos 1940, na entressafra que se deu entre o fim da era Pelé e o surgimento dos primeiros meninos da Vila e no tenebroso período entre 1984 e 2002.

Mas, entre a euforia da arte e a tristeza dos times ruins, houve um momento em que o Santos praticou o verdadeiro futebol de resultados. Criou uma equipe que, de 1x0 em 1x0, com três zagueiros e lateral improvisado, que sem nenhum drible e nenhum lance de encher os olhos, conquistou o Olimpo.

Falo do time campeão paulista de 2006.

Antes de mais nada, uma breve ficha técnica: o time foi campeão ficando na frente em um campeonato de pontos corridos em turno único, com 14 vitórias, um empate e quatro derrotas. Marcou 33 gols (sexto melhor ataque!!) e sofreu 19 (melhor defesa, algo tão contraditório à história do Peixe quanto o dado anterior).

A maior “goleada” foi um 3x0 sobre o Santo André na sexta rodada. Houve uma épica sequência de quatro 1x0, sobre Noroeste, Corinthians, Ponte Preta e Rio Branco – não tenho todos os dados da história do clube, mas arriscaria que nunca o time fez tantos 1x0 em série em sua trajetória.

Como todo time de resultados que se preza, é claro que lançou mão da catimba quando foi necessário. Há corintianos que até hoje não entenderam o fato do adversário da equipe do Parque São Jorge ter entrado com 12 jogadores em campo. Isso mesmo: Vanderlei Luxemburgo subiu com 12 atletas no clássico entre os alvinegros; os 12 se aqueceram e acenaram para a torcida. Até que, na hora H, Geílson saiu e deixou o time com o número regular de jogadores em campo – dentre eles, três zagueiros, o que significava o “segredo” que Luxa queria esconder do adversário Antonio Lopes.

Outro fator que distingue aquele time dos outros da história santista está na composição do elenco. Analisemos a escalação do time no jogo decisivo, a vitória sobre a Portuguesa: Fábio Costa; Fabinho, Ronaldo Guiaro, Ávalos e Kleber; Wendel, Maldonado, Cléber Santana e Léo Lima; Geílson e Reinaldo. Entre os 11 titulares, apenas um único revelado na Vila Belmiro. Só um.

Nada de “meninos”, sexto pior ataque, 1x0's em profusão: um Santos completamente descaracterizado da sua história!

Neste contexto, nada “melhor” que o jogo do título tivesse apenas dois gols – ambos de cabeça –, sendo que um deles foi um gol contra.

É ou não um time que marcou época?

Fecho o post com o meu elo com aquele time. O título de 2006 foi o primeiro que vi no estádio (depois dele, vieram os Paulistas de 2007, 2010 e 2011). O que já seria simbólico pra mim de qualquer forma se tornou “eterno” com o vídeo que vai abaixo: uma reportagem do SPTV sobre a conquista santista em que eu, vejam só, fui o personagem principal. Apreciem.



PS: Em 2007, o Santos foi bicampeão paulista também flertando com o futebol de resultados. Aproveitou-se da vantagem do empate e superou o Bragantino nas semifinais com dois 0x0 e o São Caetano na decisão com um 0x2 e 2x0; porém, a campanha melhor na primeira fase estraga a “resultadice” do time.

Um comentário:

Eduardo Maretti disse...

Cara, acho que você devia ser advogado!, rs.