Aproveitando a virada de mesa na Argentina e o belo post do nosso amigo Olavo, gostaria de falar sobre o Campeonato Paulista de 1991.
O meu desejo de escrever sobre este campeonato esta semana não é coincidência. Quando se fala em viradas de mesa ou rebaixamentos, sempre me vem na cabeça o Paulistão daquele ano. Vou dizer o porquê daqui a pouco.
Primeiramente, quero deixar um plano de fundo sobre o alviverde naquela época. O Palmeiras já amargava uma fila de 14 anos sem títulos e vinha ficando no quase naqueles anos anteriores, com bons times entregando o título nas rodadas finais. Em 1986 perdeu a final para a Inter de Limeira mesmo jogando duas partidas no Morumbi e depois de ter despachado o corinthians nas semifinais. Em 1987 tinha nomes como Edua Manga, Neto e Zetti, mas parou no tricolor na semifinal mesmo tendo vencido o rival na primeira fase. No ano de 1988 o destino fez com que um dos quadrangulares finais reunisse os quatro grandes, deixando no outro a possibilidade para Guarani, São José, Inter de Limeira ou XV de Jaú chegarem na final do estadual. Detalhe deste ano é que uma vitória do Palmeiras, já sem chances, sobre o São Paulo na última rodada fez com que o rival corinthians se classificasse para levar o caneco frente ao Guarani. Nos dois anos seguintes a gota d'água para os palmeirenses. Após excelentes campanhas, uma perda de invencibilidade para o Bragantino e um 0x0 em casa contra a eliminada Ferroviária, respectivamente em 89 e 90, deixaram a chance de sair da fila para o ano seguinte.
Veio o Paulistão de 1991, ano o qual o título deste post diz respeito. Palmeiras novamente tinha um bom time, com todos querendo tirar o time da fila que já incomodava bastante. Mas as coisas não seriam muito boas para o alviverde, como veremos a seguir.
Devido ao fato do São Paulo ter sido "rebaixado" em 90, teve de jogar a primeira fase de 1991 no grupo amarelo, mais fraco, com São José, Catanduvense e demais "potências" do futebol do interior paulista. As aspas acima se justificam dado o regulamento. O campeonato Paulista do início da década de 90 premiava os primeiros colocados do grupo amarelo (3 em 1990, 2 a partir de 1991) com vagas nos dois quadrangulares semifinais e, dessa forma, não havia de fato um rebaixamento para a segunda divisão em caso de péssima campanha ao menos que seu aproveitamento fosse ruim por dois anos consecutivos.
O São Paulo fez uma campanha tranquila na primeira fase jogando contra times pequenos. Foram 17 vitórias, 8 empates e apenas uma derrota. Só que o regulamento previa esta campanha de primeira fase como primeiro critério de desempate, ignorando o fato de corinthians, Santos e Palmeiras terem enfrentado clássicos entre si e jogado contra times mais tradicionais no grupo verde (Portuguesa, Guarani e a sensação à época: Bragantino).
Na segunda fase, o corinthians, mesmo não convencendo a imprensa da época após o título nacional do ano anterior, não teve problemas em desbancar Portuguesa, Inter de Limeira e Santo André. No outro quadrangular Palmeiras e São Paulo brigavam com Guarani e Botafogo para ver quem chegaria à decisão. Na primeira rodada um jogaço e o São Paulo largando na frente com 4x2 frente ao rival do Parque Antártica. Contra os times do interior, alguma diferença. São Paulo venceu em casa e empatou fora ao passo que Palmeiras bateu os dois adversários duas vezes cada. Como antes de 1994 uma vitória ainda valia dois pontos, o derby na última rodada trazia ambos os times com 8 pontos. Acontece que por conta do regulamento, São Paulo jogava por empate graças a sua magnífica campanha contra Marília, Olímpia, Sãocarlense, Rio Branco e afins (!!). No campo, mesmo um Palmeiras dominando do começo ao fim, Zetti, a trave e a zaga salvando em cima da linha fizeram com que o marcador não se alterasse, levando o tricolor para a decisão.
A tranquila vitória de 3x0 na primeira finalíssima serviu não só para o São Paulo praticamente colocar a mão na taça, mas também para os palmeirenses lamentarem a chance de antecipar 1993 em dois anos.
O jogaço que decidiu a classificação do São Paulo pode ser visto abaixo:
3 comentários:
Apesar de serem divertidos, principalmente por gerarem muitas histórias pra contar, esses regulamentos não fazem a menor falta.
O Corinthians em letra minúscula é referência à CNN? Ou é só pra tirar um sarro mesmo? :)
Agora já sei da onde surgiu o maravilhoso regulamento da Copa João Havelange...
A letra minúscula foi uma coincidência apenas :-)
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