quarta-feira, 13 de novembro de 2013

10 conclusões precipitadas sobre o Brasileirão 2013

O Brasileirão está acabando, a temporada 2013 também, e agora é hora de analisar o que se passou. É um tempo que costuma ser marcado pelos "engenheiros de obra pronta", aquela galera que, com os resultados em mãos, enche o peito para explicá-los com uma precisão invejável.

Vamos analisar algumas conclusões precipitadas que emergem após o término do Campeonato Brasileiro.

1. Pontos corridos são chatos, volta mata-mata
Não tem jeito: toda vez que o Brasileiro tiver seu campeão conhecido com muita antecedência, o que será o caso de agora, o grito do "volta mata-mata" ecoará - embora ele já tenha tido mais força, reconheçamos. Eu mesmo sempre fui um inimigo dos pontos corridos, mas hoje não há como negar que abandonar a fórmula seria um retrocesso. Estamos há 10 anos com campeonatos brasileiros em que todo mundo sabe qual a tabela, qual o formato, onde as regras são respeitadas (com um tropeço ou outro), e por aí vai. Não acho que devemos abrir mão disso - e os pontos corridos são a base para essa organização.

2. O Atlético-PR mostrou o caminho: vamos todos ignorar os estaduais
O Furacão faz um ano histórico: está na final da Copa do Brasil (seu melhor desempenho na história do torneio), muito perto de se garantir na Libertadores via Brasileiro e deve terminar o nacional com um honroso vice-campeonato. No começo do ano, o time disputou o Paranaense com uma equipe sub-23 e deixou os titulares aprimorando a forma física e técnica. Soma-se uma coisa à outra (e acrescente a eterna bronca com os estaduais) e tem-se aí uma fórmula mágica. A tábua da verdade vem do Paraná: vamos todos desprezar o estadual e aí é só colher o sucesso no segundo semestre.

É preciso ter calma com isso, por três motivos: o primeiro é que o sucesso apareceu apenas (por enquanto) nesse ano, o primeiro da experiência. Não se pode cravar que a regra se aplicará com todos os outros que se utilizarem da tática. O segundo é que o "pensamento de longo prazo" não foi tãããão real assim no Furacão - o time trocou de técnico no início do Brasileiro; ou seja, não é o mesmo comando desde o início da temporada. E, em terceiro lugar, outros estaduais - em especial o Paulista - são mais competitivos que o Paranaense. Um santista/são-paulino/corintiano/palmeirense pode achar que o Paulistão não vale nem metade do que valem outras taças, mas decerto esse torcedor não quer o rebaixamento da equipe. Vamos esperar o Atlético-PR seguir a ideia ano que vem (além de ver se mais equipes adotam a metodologia) para aí ver se a coisa tem mais procedência.

3. Vanderlei Luxemburgo já era
Ele pegou um Fluminense ruim e entregou ainda pior. Além disso, não conquista algo diferente de estadual há muito tempo. Tudo isso é verdade, mas cabe um pouco mais de calma na hora de dizer que Luxemburgo se tornou um técnico medíocre. Ele ainda tem condições de fazer trabalhos de média qualidade - como o feito no ano passado, quando levou o Grêmio à Libertadores. Já é mais do que muito treinador é capaz de fazer. Deve figurar num time grande ano que vem.

4. O ideal é investir em jogadores baratos
A campanha do Cruzeiro impressiona tanto pelos números assombrosos quanto pela ausência de medalhões no elenco azul. Quem é "o cara" do Cruzeiro? É fato que o time não tem um consagrado como tinha o campeão do ano passado - Fred no Fluminense - e nem mesmo como tivera em 2003, com Alex. Isso mostra uma grande virtude do time cruzeirense, mas é algo que não pode ser interpretado como receita inabalável de sucesso. Dezenas de times foram montados como o elenco atual do Cruzeiro - com uma mescla de jogadores da base, jovens até então desconhecidos e atletas rodados que não emplacaram tanto assim em outros times grandes - e a maioria não deu certo. Ou você soltaria fogos se, no começo do ano, seu time contratasse Dagoberto, Everton Ribeiro e Borges?

5. O que vale é a competência, identificação pode ser desprezada
A filosofia dos "não-medalhões" cruzeirenses se estendeu ao banco, comandado por Marcelo Oliveira - que, até então, tinha uma carreira pequena em clubes grandes. E, mais que isso, carregava (ou carrega?) uma identificação grande com o rival Atlético-MG. Eu não acredito que uma identificação, por maior que seja, impede um profissional de trabalhar em um rival. Mas não podemos negar que é um fator, que, sim, dá sua contribuiçãozinha para que as coisas sejam prejudicadas (o que foi superado no caso atual do Cruzeiro). Se o time azul tropeçasse no começo do campeonato, certamente a atleticanidade de Marcelo seria evocada.

6. O Corinthians foi burro ao investir milhões em Alexandre Pato
Agora o oposto do que aconteceu com o Cruzeiro: o Corinthians investiu milhões em um jogador consagrado que não deu certo. Uma boa matéria do UOL até traçou um paralelo entre os casos, revelando que o montante gasto do Corinthians com Pato compraria todo o Cruzeiro campeão. Então fica a lição de que gastar milhões com um só cara é besteira? Não necessariamente. Pato não vingou no Corinthians por uma série de motivos - e o futebol tem milhões de negócios que se encaixam na categoria do "boas contratações que não deram certo". Pato é só mais um deles. Relançando pergunta de item anterior: quem você gostaria de ver seu time contratando no início do ano, Alexandre Pato ou Everton Ribeiro?

7. Estádio novo é sinal de prejuízo, distanciamento da torcida e maus resultados
O pior time do campeonato, o Náutico, joga em um dos melhores estádios da competição - a Arena Pernambuco, uma das sedes da Copa de 2014. Jogar na nova casa e deixar o tradicionalíssimo Aflitos foi um fator apontado como um dos motivos pelo péssimo brasileirão alvirrubro. O presidente do time chegou até a culpar o bom gramado da Arena - é sério - como elemento relevante. Precisa mesmo comentar? Melhor só recomendar ao dirigente do Timbu - e a quem achar isso - ver o precário e decadente estádio em que joga o Cruzeiro, o campeão.

8. Aposenta, Rogério Ceni / Fica, Rogério Ceni
Aí você pode escolher a sua conclusão precipitada de sua preferência: embora contraditória, as duas pipocaram por aí nos últimos meses. Rogério foi um dos responsáveis, sim, pela má fase do tricolor, que sugeria um rebaixamento - tanto (não) defendendo quanto falhando nas cobranças de pênaltis e faltas. Mas aí o São Paulo ressurgiu e Rogério voltou a jogar bem. E, embora não sendo no Brasileirão, a partida dele contra a Universidad Católica será daquelas lembradas por muitos anos - e virou um argumento para quem defende o veterano. Uma opinião definitiva e "imexível" sobre Rogério é, agora, algo bem precipitado.

9. "Brasília é uma festa", ou "Encontrada a solução para os elefantes brancos"
A abertura do Brasileirão registrou mais de 60 mil torcedores - inclusive este que vos escreve - para prestigiar o primeiro jogo grande do estádio Mané Garrincha, em Brasília, entre Santos e Flamengo. Casa cheia, ausência de problemas sérios de violência, empolgação com o estádio e tentativa de reversão da pecha de "elefante branco" motivaram o Flamengo e outros times a mandarem jogos no estádio. Parecia que ali estava a solução para as caras arenas erguidas em cidades sem muita tradição futebolística. Mas a conclusão precipitada foi se desmontando ao longo do próprio Brasileiro - o público em Brasília decaiu a cada rodada, principalmente por causa da perda do "efeito novidade". Vamos ver como a coisa fica no ano que vem, principalmente no pós-Copa.

10. Ronaldinho Gaúcho faz mal ao Atlético-MG; Fernandinho é o cara
O Galo ganhou a Libertadores e, em seguida - como é quase uma regra entre os times brasileiros - entrou em má fase. Foi eliminado da Copa do Brasil e deixou de vencer no Brasileirão, chegando até a se aproximar da zona do rebaixamento. Ronaldinho não vinha bem. Aí ele se contundiu. O Atlético trouxe Fernandinho, ex-São Paulo, para sua linha de frente e o time melhorou - hoje "briga pela Libertadores", no sentido metafórico do termo.

Apesar de os fatos sugerirem isso, é preciso ter calma para definir Ronaldinho como a chaga do Galo - e ainda mais cautela na hora de considerar Fernandinho um craque. Ninguém alcança o status de Ronaldinho à toa. E o time inteiro jogou mal no pós-Libertadores, não só ele. Quanto a Fernandinho, não há são-paulino que não tenha comemorado quando ele deixou o Morumbi tempos atrás. Deu certo no Galo, é fato, mas que ninguém diga que era uma tacada certeira.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Paulista de Jundiaí impede que façanha de MG seja única

O futebol de Minas é campeão da Libertadores com o Atlético e está 99,9% com a mão na taça do Brasileirão, com o Cruzeiro. Façanha histórica, que faz com que 2013 seja, sem dúvidas, o melhor ano da história do futebol mineiro. E que pode alcançar um patamar ainda maior se o Galo for campeão do mundo em dezembro.

A "hegemonia" que Minas Gerais impõe é impressionante e positiva para o futebol brasileiro (um abraço aos advogados da "espanholização"), mas não é única. Houve outros anos em que a bola foi dominada por times do mesmo estado.

E vai ser difícil alcançar o que São Paulo conseguiu em 2005. Naquele ano, o estado mais populoso do Brasil foi campeão do mundo, da Libertadores, do Brasileiro e da Copa do Brasil. Títulos conquistados por São Paulo, Corinthians e... Paulista de Jundiaí.

Isso mesmo: a zebrística conquista do Paulista em 2005 é o que coroa a temporada 2005 como a mais hegemônica de um estado no Brasil.




O jogo do título do Paulista


Nunca mais um estado faturou, na mesma temporada, as quatro mais importantes competições "não-estaduais": Brasileiro, Copa do Brasil, Libertadores e Mundial de Clubes. Houve quem passasse perto.

Aí vai uma relação com todas as tríplices/quádruplas/duplas coroas do futebol nacional, contabilizadas a partir de 1989, ano em que rolou a primeira Copa do Brasil*:

Quádrupla
SP-2005 (São Paulo - Libertadores e Mundial; Corinthians - Brasileiro; Paulista - Copa do Brasil)

Tripla
SP-2012 (Corinthians - Libertadores e Mundial; Palmeiras - Copa do Brasil), SP-1993 (São Paulo - Libertadores e Mundial; Palmeiras - Brasileiro)

Dupla
MG-2013** (Cruzeiro - Brasileiro; Atlético - Libertadores), SP-2011 (Santos - Libertadores; Corinthians - Brasileiro), SP-2004 (Santos - Brasileiro; Santo André - Copa do Brasil), MG-2003 (Cruzeiro - Brasileiro e Copa do Brasil), SP-2002 (Santos - Brasileiro; Corinthians - Copa do Brasil), SP-1999 (Palmeiras - Libertadores; Corinthians - Brasileiro), SP-1998 (Palmeiras - Copa do Brasil; Corinthians - Brasileiro)

* - excluo da dupla os casos em que um time faturou Libertadores e Mundial, pela obviedade da coisa

** - pode virar uma tripla se o Galo ganhar o Mundial

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Náutico, quem diria, em destaque na FIFA

E o Náutico, que não é um clube pequeno, mas nesse ano faz uma temporada digna de tal, terá algo do qual se orgulhar em 2013 - e que pode também ser esfregado na cara dos rivais.

O gol de Oliveira, na Copa Sul-Americana, em partida contra o rival Sport (que decretou a eliminação do Timbu, aliás) foi escolhido como um dos 10 gols mais bonitos do ano pela FIFA:




Com isso, o atleta do Náutico competirá com estrelas como Neymar e Ibrahimovic.

E, desde já, tem minha torcida.