quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Todo jogador enfrenta adversários fracos. Mas poucos dão show

E então, mais uma vez, Neymar arrebentou. Fez gol, passe para gol e deu belos dribles na partida do Santos contra o Botafogo de Ribeirão Preto, pela segunda rodada do Paulista. Foi o terceiro jogo oficial dele em 2013 - os anteriores haviam sido contra Barueri, um amistoso, e São Bernardo, pelo estadual - e, nos três, ele desempenhou um bom papel.

Ao ver a boa atuação do atleta, muitos dos seus críticos já encheram o peito para falar: "mas aí é fácil! Contra o Botafogo de Ribeirão Preto, pelo Paulista, até eu!".

E é esse o ponto que quero abordar. Não há, na história do futebol mundial, algum craque que tenha enfrentado apenas adversários fortes e competitivos ao longo de sua carreira.

Messi foi campeão europeu contra o poderoso Manchester United, mas passa a maior parte do ano encarando os Getafes e Osasunas do Espanholão. Pelé conquistou oito títulos nacionais, dois sul-americanos e dois mundiais contra times de primeiríssima linha, porém passou muito tempo enfrentando fracas equipes do interior pelo estadual - inclusive, um dos seus recordes mais celebrados, o de oito gols em um só jogo, teve o mesmo Botafogo de Ribeirão Preto como adversário. Romário consagrou-se na Copa e empanturrou-se de gols contra Volta Redonda e afins nos estaduais do Rio.

É do jogo.

Talvez, mais do que tentar minimizar os feitos de Neymar, por serem contra os fracos times paulistas e Messi, por serem contra os 'cintura-dura' espanhóis, o que deveríamos fazer é cobrar os supostos craques que, mesmo diante desses adversários fracos na teoria, não conseguem fazer nada digno de nota. Pois é, a regra não é o "contra o Botafogo de Ribeirão até eu", "contra o Getafe até eu"? Então por que seguem sendo poucos os que arrebentam dentro de campo?

Em tempo: se ainda não viu, veja o show de Neymar.