Esqueçam grande parte do que foi dito no post anterior: contrariando todos os princípios da lógica e da confiança em um trabalho duradouro, o Santos dispensou Oswaldo de Oliveira. Enderson Moreira será o seu substituto.
(aliás, uma coisa que depõe um pouquinho contra a personalidade do novo treinador e pesadamente sobre a atual diretoria do Santos é o fato a negociação entre as partes ter avançado ainda antes da demissão de Oswaldo. Criticável, no mínimo. Mas nada surpreendente no futebol.)
Não adianta gastar muita tinta - ou pixels - falando sobre o equívoco que foi demitir Oswaldo. Até porque despachar precipitadamente um técnico não é privilégio do Santos, e sim regra por aqui. Analisemos, então, o que representa a chegada de Enderson.
Acho que o primeiro ponto é dizer que vai ser fácil, muito fácil, ter um texto repleto de ponderações, preparadinho para fazer sucesso, quando Enderson deixar a Vila. Vamos lá? Se ele tiver alcançado êxito, é só dizer: "o Santos fez bem ao trazer um cara jovem, cheio de ideias novas, experimentado no trabalho com a base, quebrando a mesmice no futebol". E se der errado: "como o Santos, um time com tanta tradição e pressões, trouxe para comandar o time um cara inexperiente como o Enderson? Era só ver o fiasco que ele foi no Grêmio. Esse cara não tem condição de treinar time grande!".
Faço essa crítica antecipada aos engenheiros-de-obra-pronta (ô, raça!) mas o fato é que eu mesmo não sei o que esperar de Enderson. Não há como ver nele algo diferente do 8 ou 80 que é sugerido no atual momento.
Onde podem ser centradas as críticas é no fato de que Enderson está chegando ao Santos com a fama de ser o cara ideal para conduzir bem a integração das categorias de base com o time principal.
Ataco essa mentalidade por dois motivos. O primeiro é que o Santos precisa parar de acreditar que todos os seus problemas serão resolvidos com a molecada oriunda das categorias inferiores da Vila. Sim, o raio caiu três vezes no mesmo lugar, mas não é por isso que devemos simplesmente crer que as providências divinas se encarregarão de formar um bom time. Grandes elencos são feitos com trabalho, profissionalização e planejamento - se com atletas da base, bom; se com os de fora, bom também.
E o segundo - esse mais importante - é que não faz sentido pensar nisso se o treinador não tiver tempo para trabalhar. Oswaldo foi demitido mesmo sem levar o Santos a vexames. E se Enderson perder uns dois jogos seguidos na Vila? Irá tudo por água abaixo? A mentalidade da integração e do trabalho bem conduzido não prosperará?
O Santos não tem um timaço e nossas perspectivas para o ano não são nem muito animadoras e nem catastróficas - algo entre oitavo e 11º no Brasileiro é o mais previsível para agora. Isso deveria dar a Enderson o cenário sólido para trabalhar e colher, em 2015 (ou depois), os frutos de suas ações. O problema é que é bem difícil pensar que isso vai verdadeiramente acontecer.
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