sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Pelo direito de reclamar da arbitragem sem sofrer ironia

O Santos não jogou bem na quarta e a derrota para o Sport não foi um resultado surpreendente. Mais uma vez o time sofreu com a inoperância de Damião, viu seu meio de campo subutilizado (ou vamos de três atacantes ou de três volantes, o que sugere um desequilíbrio) e foi prejudicado ainda com uma noite fraquíssima do bom Zé Carlos, sobre quem o rubro-negro Patric fez os três gols pernambucanos.

Porém, independentemente de tudo que foi dito, aos 36 minutos de jogo houve isso: um erro de arbitragem que viu impedimento inexistente de Damião e anulou aquele que seria o gol de empate do Santos.

A partida permaneceria empatada? O Sport poderia sair vitorioso mesmo após esse segundo gol do Santos? O Santos viraria o jogo? Impossível saber. O fato é que os destinos da partida foram drasticamente mudados por um equívoco do juiz e seus auxiliares.

Não escrevo aqui para discutir o nível da arbitragem brasileira (que é ruim como a de qualquer canto do mundo) e nem para insinuar que o Santos é o único que sofre do mal - tenho certeza que qualquer torcedor saberá elencar sem esforço equívocos dos apitadores que prejudicaram suas equipes.

Meu foco é outro: defender o direito de, sim, reclamar da arbitragem. De, sim, poder dizer que o destino seria melhor (ou mesmo pior, vá lá) se juízes e auxiliares tivessem agido de forma correta.

Digo isso porque costumeiramente vemos uma enxurrada de ironias contra quem reclama dos juízes. "Ah, isso é desculpa de perdedor", "como ele quer falar de juiz se o time é péssimo?", "qual o direito dele para reclamar de arbitragem com uma zaga dessas?", "o juiz até errou, mas ele ia perder de qualquer forma, o adversário é bem superior", e assim por diante.

O raciocínio que defendo é rápido, simplório até. Apenas afirmo que as coisas não são excludentes - ou melhor, nem relacionadas são. Ser prejudicado pela arbitragem não tem qualquer relação com sua escalação, ou a superioridade/inferioridade do adversário. É apenas uma constatação: naquela hora, naquele lance, o juiz errou. E a decisão ali tomada influiu no rumo da partida.

Rejeito teorias conspiratórias e esforços de quem quer ver seu time mais prejudicado do que o outro. Como já disse, árbitros erram (e muito) em todos os países. Só cabe a nós entender que esses erros podem ser debatidos com respeito e sem ironias.

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