Entre o começo de 2012 e a fim do primeiro semestre de 2013, o Santos tinha um problema grave: a neymardependência. O time, treinado por um desinteressado Muricy e carente de outras opções de qualidade, passava jogo após jogo de forma desarticulada, sem criatividade, contando somente com os momentos de genialidade de seu craque. À época até se dizia que o esquema tático do Santos era o "TNN", sigla para "toca no Neymar". Tudo se resumia ao TNN. É claro que isso não daria certo, como realmente não deu.
O tempo passou, Neymar se foi, o futebol mudou e o Santos mais ainda, mas a dependência de uma figura só se mantém na Vila. Porém, hoje, o protagonista dessa situação não é mais um craque indiscutível como Neymar, e sim o valoroso, mas não genial, meio-campista Lucas Lima.
Aos números: Lucas Lima jogou todos - todos mesmo - os jogos do Santos nesse Brasileirão. Fez três gols (o mesmo número alcançado por Leandro Damião) e deu inúmeros passes de qualidade. É o oitavo melhor meio-campista do Brasileirão, segundo a Placar, e, também de acordo com a revista, foi o craque da 23a. rodada do campeonato, quando o Santos venceu o Figueirense.
Não restam dúvidas de que, hoje, Lucas é o jogador mais importante e aquele que tem a titularidade mais sólida no elenco alvinegro. Sim, até mesmo mais do que Robinho.
Ele alcançou esse status com méritos, claro. Mas está contando também com uma ajuda das circunstâncias para tal. Seja por falha do planejamento da diretoria ou por equívoco dos treinadores (tanto o atual Enderson como seu antecessor Oswaldo), o Santos não tem meio-campistas ofensivos que poderiam substituir Lucas ou mesmo compartilhar com ele a articulação. O time dispõe de um atacado de volantes (Arouca, Alan Santos, Leandrinho, Souza, Renato, Alisson) e de um batalhão de atacantes (Thiago Ribeiro, Robinho, Rildo, Geovânio, Damião, Gabigol, Stéfano Yuri, Diego Cardoso, Jorge Eduardo). No meio deles, o "exército de um homem só" chamado Lucas Lima.
E se quando a dependência de um atleta desembocava no Neymar a coisa não funcionou, não será com Lucas Lima que dará certo. O resultado é que o Santos se tornou um time mediano, não ruim o suficiente para se engalfinhar pelo rebaixamento mas distante de ter competência para honrar os santistas.
PS: Há que se ter cautela para cravar que um jovem jogador que já mostrou virtude está em má fase (e chega a ser irresponsável cravar que ele não presta). Mas quando as fracas atuações se repetem por cinco ou seis vezes consecutivas, pode-se ligar a luz amarela. Gabigol tem preocupado. Alguém se lembra qual foi último grande jogo dele?
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