terça-feira, 23 de outubro de 2018

O Natal santista é também uma época para remoer um debate eterno

Hoje, 23 de setembro, é aniversário de Pelé. O maior jogador da história do Santos FC e do futebol como um todo chega aos 78 anos. Já não esbanja a saúde de antes, mas, torçamos, vai ficar muito tempo entre nós. Nunca tive a oportunidade de estar pessoalmente com Pelé, mas já fui a jogos na Vila Belmiro em que ele estava em sua tribuna, e foi anunciado via altos-falantes no estádio. Vê-lo ao longe, dando tchauzinho, já foi uma experiência bacana, sem dúvidas.

Mas a figura de Pelé é algo um tanto quanto controverso para o Santos. Ou melhor: não o jogador Pelé, não o que ele construiu dentro de campo, e sim depois disso.

Por muito tempo, especialmente nos anos 1990, havia um certo consenso entre os santistas de que Pelé "não ajudava o Santos". A ótica era a seguinte: Pelé era um ídolo global, milionário; o Santos, quebrado, na fila de títulos. Nada mais lógico, então, do que Pelé "ajudar" o Santos a se reerguer. O raciocínio, porém, esbarrava no óbvio: o que era esse "ajudar"? E por que Pelé deveria se preocupar, individualmente, em corrigir erros causados por dirigentes incompetentes?

Os anos passaram, esse quadro mudou, mas o que entrou no lugar dele foi um debate igualmente chato e, principalmente, confuso. A crítica da vez era de que o Santos não sabia explorar comercialmente a figura de Pelé. Pelo fato de Pelé ser o maior atleta da história do esporte mais popular do planeta, o Santos teria em suas mãos uma mina de ouro; bastaria trabalhar bem sobre ela para avançar na "internacionalização" da marca e ganhar dinheiro.

A questão é que ninguém sabe direito o que isso quer dizer. Como santista, digo que realmente é um pouco frustrante ver que Pelé e Santos não são tão associados como deveriam. Carrego uma certa inveja da idolatria que os flamenguistas têm com Zico; e chama a atenção ver que o mosaico que os torcedores fizeram recentemente contra o Corinthians tenha sido o primeiro em homenagem ao Rei do Futebol, salvo engano meu.

Mas o tal marketing tão apregoado por torcedores segue sendo um componente vago, impreciso. De tal modo que fica difícil saber até que ponto é mera incompetência do Santos, ou se não haveria muito o que avançar.

De todo modo, o que espero, como torcedor, é curtir a figura de Pelé o máximo possível. E que iniciativas espontâneas como o mosaico se repitam cada vez mais. Vejo que a torcida celebra mais Pelé do que fazia no passado. Que assim continue, e se incremente.

Vida longa ao Rei!

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