É claro que futebol profissional numa segunda-feira é um negócio estranho. Mas para mim e outros da minha geração há algo familiar nisso. Porque na década de 1990 os jogos na segunda não eram tão raros assim.
O Campeonato Brasileiro de 1991, por exemplo, tinha regulares jogos às segundas-feiras. Era uma forma - acredito eu - de distribuir melhor as partidas e possibilitar mais transmissões pela televisão. Cabia à Bandeirantes exibir os confrontos. Lembro bem de um Santos 3x1 Sport, vencido pelo Peixe de virada, que o YouTube se encarregou de deixar claro que o jogo tinha se desenhado na minha memória correspondia à realidade (aliás, o que mais me surpreendeu ao rever os lances dessa partida é a qualidade - sem ironia - do gramado da Vila. Para mim, o relvado do Urbano Caldeira tinha sido um pasto permanente ao longo de todos os anos 1990, antes da reforma de 1996).
Mas a experiência do Brasileirão às segundas foi curta. O que ligou, pra valer, futebol e segunda-feira nos anos 1990 foi a transmissão do Campeonato Carioca, também na Bandeirantes. A cada semana, as partidas do estadual do Rio eram exibidas nacionalmente e conduzidas pela trinca Januário de Oliveira (foto) - Gérson Canhotinha - Addison Coutinho. Em tempos pré-internet, era ali que os que não moravam no Rio tinham a oportunidade de conviver com um estadual que não o "seu". E o Cariocão da Band nos anos 1990, hoje, ganhou uma aura cult entre quem era moleque naquela época. Até hoje os bordões de Januário de Oliveira são lembrados por aí.É claro que não dá para não condenar a realização constante de jogos às segundas-feiras. Nem só por uma questão de tradicionalismo, mas pelo próprio calendário - como as rodadas precisam acontecer nos fins de semana, não há como os jogos se fixarem apenas um dia depois. Mas o saudosismo que distorce, sempre ele, diz em algum canto que esses jogos no mesmo dia da Tela Quente não são tão errados assim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário