quinta-feira, 24 de julho de 2014

Em busca de gols inusitados e decisivos

O título do Atlético-MG na Recopa ficou marcado pelo sufoco - que contrariou quem previa uma barbada, já que o Galo havia vencido na Argentina - e também pelo inusitadíssimo gol do título, um tento contra assinado por Ayala. O gol sacramentou a vitória do Atlético na prorrogação e derrubou de vez qualquer entusiasmo do Lanús, que ainda ambicionava um empate no tempo extra. Para quem não viu, fica o registro:



Estamos acostumados a ver gols engraçados aqui e ali, mas é raro que eles sejam verdadeiramente importantes, como foi o de ontem. Puxando pela cabeça, lembro do involuntário (e absurdamente decisivo) marcado por Muller, no Mundial Interclubes de 1993: ele pulou para evitar o choque com o goleiro e viu a bola bater em seu calcanhar, e posteriormente morrendo na rede.



Alguém sabe de mais algum gol bizarro que tenha definido título, rebaixamento, vaga em Copa do Mundo ou coisa parecida?

terça-feira, 15 de julho de 2014

Que o respeito definitivo ao futebol alemão seja também um legado da Copa

A Alemanha ganhou três Copas do Mundo entre 1930 e 2010. Na primeira, derrubou Puskas. Na segunda, Cruyff. E na terceira, Maradona.

E ainda assim, aqui no Brasil havia (há?) muita gente que não levava o futebol alemão a sério.

Movidos por um misto de preconceito, patriotismo equivocado e sentimento anti-colonialista, muitos brasileiros se recusavam a acreditar que o futebol praticado pelos alemães é, sim, de qualidade. E colocavam nos germânicos a pecha de retranqueiros, cintura-dura, caneludos e por aí vai. Para coroar o raciocínio, volta e meia apelava-se à seguinte frase: "a Europa é boa apenas na organização; para formar jogadores, ninguém supera Brasil e Argentina".

Opa opa, peraí. Mas peraí MESMO.

Uma parte da frase é até correta. Não deixemos o vexame de 2014 (e os de 2010, 2006...) nos influenciar: o Brasil tem, sim, a mais bonita história do futebol mundial. Ganhamos cinco copas, proporcionamos jogos épicos e somos o berço de gente como Pelé, Garrincha, Tostão, Ronaldo, Romário e, claro, Rivaldo (melhor falar o nome do cara para não ser atacado...).

Agora a Argentina... bem, não se trata de desmerecer o futebol dos nossos vizinhos. É apenas uma questão de enxergar a realidade. Não há nenhuma lógica em afirmar que o futebol argentino é superior - em qualquer aspecto! - ao alemão. A Argentina teve Maradona e tem Messi? Ótimo, realmente um feito impressionante. Mas a Alemanha teve e tem Beckenbauer, Gerd Muller, Thomas Müller, Fritz Walter, o maior artilheiro das Copas, quatro mundiais no currículo, um futebol de clubes excepcional e tantas outras realizações.

Acredito que o tetracampeonato alemão de agora define, com muita propriedade, quem é o segundo maior país do futebol (o primeiro lugar, reitero, é do Brasil). Embora a Alemanha agora tenha apenas empatado com a Itália, é indiscutível que as quatro estrelas alemãs brilham com mais intensidade do que as italianas - não se pode comparar os mundiais de 1934 e 1938 com 1954 e 1974, apenas para equiparar as duas primeiras taças de cada país. Além disso, no somatório geral a Alemanha vence de longe a Itália, devido a sua participação muito maior em finais e semifinais.

Os 7x1 escancararam a superioridade que existe atualmente da seleção alemã sobre a brasileira. E, depois, os mesmos alemães retificaram sua condição de melhor do mundo ao vencer a poderosa Argentina, e abrir sobre os conterrâneos de Maradona uma vantagem que só poderá ser equalizada no mínimo em 2022. Foi uma lição inequívoca do respeito que os germânicos merecem. Aceitemos isso como um bom legado da Copa.
Na foto, um entre tantos espetáculos proporcionados pela torcida do Borussia Dortmund. Porque se o assunto for a festa fora de campo, eles também estão à frente dos argentinos

domingo, 13 de julho de 2014

O fim de carreira transformou Rivaldo de "tímido" em chato

Houve um tempo em que uma frase era repetida quase que de forma unânime: Rivaldo era um craque, um gênio da bola, mas que só não desfrutava mais desse status por ser um cara tímido, feio e avesso a badalações. A sentença fazia muito sentido. O cara comia a bola no Barcelona, já havia destruído aqui no Brasil e prosseguia muito questionado. Não fazia anúncios, não obtinha a verba publicitária de seus contemporâneos Ronaldo e Romário, só pra ficar nesses.

O lance é que o tempo passou, Rivaldo envelheceu, deixou de ser craque e parece que, hoje em dia, quer descontar toda essa frustração dos tempos de "craque não midiático".

A nova dele, como todos já sabem, é o "desabafo" contra Galvão Bueno. Ele disparou em seu Facebook: "Não preciso do seu reconhecimento Galvão Bueno. O povo brasileiro e o mundo sabem da minha importância para a história da seleção brasileira e do futebol mundial. Nunca precisei puxar saco de ninguém da mídia".

O "crime" de Galvão? Até segunda ordem, foi não ter citado o nome de Rivaldo durante a transmissão do jogo de ontem, quando, em dado momento, o locutor da Globo citou jogadores que fizeram história com a camisa amarela. Segundo matéria do UOL Esporte, Galvão falou de Pelé, Garrincha, Didi, Nilton Santos, Tostão, Zagallo, Gerson, Rivelino, Jairzinho, Romário, Ronaldo e também dos "derrotados" Júnior, Casagrande, Falcão, Zico Sócrates. E deixou Rivaldo de fora.

Se foi só isso mesmo - deixo uma ressalva, talvez outra coisa tenha acontecido e não estamos por dentro, sei lá - só há uma coisa a dizer: menos, Rivaldo, menos. Galvão também não citou Gilmar, Bebeto, Zito, Djalma Santos, Marcos, Ronaldinho Gaúcho, tão vitais para a conquista dos mundiais. Também "excluiu" nada menos que os capitães de todas as taças - a saber, Bellini, Mauro, Carlos Alberto, Dunga e Cafu. Gente boa "ignorada" é o que não falta, pois. Longe, muito longe, de ser algo direcionado a Rivaldo.

É curioso ver que a não-exposição da qual Rivaldo desfrutou ao longo de sua carreira - voluntária ou involuntariamente, não sabemos - acabou por ajudar a todos nós. Sim, isso mesmo. Afinal, foi por conta dela que deixamos de saber uma coisa: mais do que tímido, reservado ou discreto, Rivaldo é um baita de um chato. Simples.