quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Uma seleção que diverte

(Aviso: este blogueiro não foi subornado pela CBF, não tem esquema com a Nike, não é contratado pela Globo e nem tem parentesco com o Galvão Bueno. Até estou aberto a negociações, mas elas ainda não apareceram.)

Às vezes parece que reclamar da CBF e da seleção brasileira virou uma certa obrigação na "opinião pública". Por conta de desmandos e incompetências da cartolagem nacional, as pessoas aderiram a um piloto automático que as faz contestar tudo e qualquer coisa que envolva a camisa amarela, Ricardo Teixeira e afins.

É só isso que explica, ao meu ver, a rejeição que os dois Brasil x Argentina enfrentaram em muitos veículos e conversas de bar por aí. Digo isso porque essas partidas - apesar do péssimo nível técnico do jogo de Córdoba - reuniram muitas coisas reivindicadas por muita gente para a seleção brasileira. Senão, vejamos:

- jogo contra um adversário de grande porte: é uma Argentina doméstica, mas ainda assim é a Argentina. Não é Gana, Omã, Estônia ou outras tranqueiras com quem o time jogou recentemente;

- jogo no Brasil: choveram (com razão!), nos últimos anos, críticas ao distanciamento entre a seleção e o povo brasileiro. Pudera: o time fez de Londres a sua casa, tendo Madri como segunda opção. Com exceção das eliminatórias, a seleção mal pisou em solo nacional nos últimos anos. Então nada melhor do que um jogo em território nacional - e a escolha de Belém foi ótima, por ser uma cidade apaixonada por futebol e que está sem times na elite, ou seja, sente a falta de um jogo de nível.

- seleção "brasileira": a seleção tem que ter os principais jogadores de cidadania brasileira, não importando onde atuem. Isso é ponto pacífico. Mas em termos de identificação, é muito mais legal ver com a camisa amarela um cara do Santos, do Corinthians, do Vasco do que do Shakthar Donetsk ou Benfica. Além disso, as convocações dão mais opções a Mano Menezes e aumentam bagagem e experiência dos atletas.

Talvez a maior falha da Copa Roca (ou Superclássico, como queiram chamar) tenha sido a brecha no regulamento que tenha permitido à Argentina convocar jogadores que atuam no Brasil - não por questões técnicas, mas porque isso tira a "pureza" da ideia, do confronto entre as duas ligas.

Fico feliz em saber que teremos mais duelos desses por alguns anos. Vai fazer bem ao futebol. Parabéns, CBF! Parabéns, AFA - mas só por isso, viu? Não se empolguem...

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Que venha a implosão

O Bruno Voloch, blogueiro do UOL, noticiou hoje que Botafogo e Vasco solicitarão o adiamento de jogos do Campeonato Brasileiro, em virtude de convocação de seus atletas para a seleção brasileira - respectivamente, o goleiro Jefferson e o zagueiro Dedé. Os clubes pedem que partidas inicialmente marcadas para o dia 12 sejam transferidas para o dia 13, o que possibilitaria a escalação da dupla (a seleção joga no dia 11).

Os sucessivos pedidos de adiamento de jogos que o Santos realizou durante esse Brasileiro foram ironizados por muita gente. O Santos pediu o adiamento de jogos enquanto disputava a Libertadores e, mais recentemente, por conta da convocação simultânea de três atletas. Foi o necessário para que muitas piadas começassem a correr por aí, e o Peixe foi tratado como uma espécie de "clube mimado" que faz beicinho e se recusa a encarar algo que, supostamente, prejudica de maneira igual a todas as equipes.

Não por ser o time pelo qual torço e muito menos por me incomodar com as piadas, mas a reação dos outros torcedores aos pedidos santistas foi algo que me desagradou consideravlemente. Ao invés de ironizar o Santos, os torcedores deveriam bater o pé e exigir que seus clubes também desafiem a CBF. Não é lógico, moral, aceitável, razoável ou que quer que seja que um time do Campeonato Brasileiro seja privado de alguns jogadores (ainda que seja um só!) para uma seleção disputar um insosso amistoso em terras estrangeiras. A CBF desvaloriza seu próprio campeonato e acaba jogando a torcida contra a seleção com essas atitudes.

Então, parabéns Botafogo e Vasco pela iniciativa! Que mais clubes se levantem, que a rebelião cresça, que isso leve a uma maior organização do Brasileiro!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Vai dar raiva

Atenção para uma série de suposições:

- se o Vasco perder para o Atlético-GO hoje, a pontuação do líder do Brasileiro (que será o São Paulo) se estacionará em 45 pontos.

- com isso, a distância entre o Santos e a ponta da tabela será de dez pontos.

- o Santos ainda tem dois jogos a fazer (Botafogo e Grêmio), e, se triunfar nos dois, reduz o intervalo a míseros quatro pontos.

- Vasco, Botafogo, São Paulo, Fluminense e Flamengo (todos os times que lideram o certame, com exceção do Corinthians) ainda serão adversários do Peixe no restante do Brasileirão - o que faz com que a dependência de "tropeços" não seja tão grande assim.

Tudo isso, somado ao excelente momento do Santos (quatro vitórias seguidas e oito jogos consecutivos de invencibilidade) só deixam clara uma coisa: vai dar raiva, caso o campeonato acabe e o Santos não seja o campeão, quando lembrarmos do começo do campeonato e daqueles jogos com os quais ninguém estava se importando. Ali se foram pontinhos vitais para que as pretensões fossem ainda maiores.



quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Faltou alguém lá

Conforme prometido, adiarei meu sono em alguns minutos para tecer alguns comentários breves sobre o jogo. Acuado pela má fase enfrentada por seu time, Tite optou pela única saída que tinha em mãos: fechar-se na defesa e aguardar que o São Paulo cometesse algum erro capital - que até ocorreu, embora o ataque alvinegro não tenha tido competência suficiente para aproveitar.

De sua parte, o Tricolor teve bom domínio de bola, mas não soube converter essa aparente superioridade em chances reais de gol. Exceto por um ou outro lance, o São Paulo não chegou a ameaçar de fato a meta de Júlio César.

Há tempos venho criticando as carências da equipe do São Paulo. O jogo desta noite deixou evidente aquela que talvez seja a maior de todas elas: falta um homem de referência no ataque tricolor.

Definitivamente, Lucas e Dagoberto, apesar de serem talentosos e possuírem bom faro de gol, não servem para desempenhar essa função. Prova disso é que em todas as jogadas do time pela ponta - sobretudo pela esquerda, com Cícero e Juan - terminavam nos pés ou de Júlio César ou dos zagueiros corintianos.

Isto porque o São Paulo não tinha em campo um jogador que sabe se posicionar na área. Nos minuto finais de jogo, coube a Juan, o lateral-esquerdo (!), essa função.

Desse jeito é complica, não acham? Não sei se o Luís Fabiano de hoje possui a mesma qualidade de antigamente. Penso, porém, que alguém como ele em campo, nesta noite, poderia ter dado outra escrita ao jogo - que, por sinal, foi uma droga.

Valia mais a pena ter assistido o thriller B "Identidade", no canal pago. Ao menos eu descobriria como é o final dessa joça...

PS: O árbitro foi péssimo. Ignorou o pênalti escandaloso de Danilo em Casemiro e passou a mão na cabeça de Alex, o mais violento da noite. Pelo conjunto da obra, ele bem merecia ter sido expulso.


Um post antes do clássico...

Depois de quase um mês distante deste espaço, resolvi dar de novo o ar de minha graça. Questões pessoais andaram me impedindo de me sentar para ordenar mais de três parágrafos com ideias de minha autoria.

Hoje, porém, fiz questão de postar no blog, pois estamos em uma ocasião para lá de especial. Refiro-me, é claro, ao clássico de logo mais, em que o Tricolor tem a chance de devolver a sova sofrida diante do Corinthians, no primeiro turno do Brasilerão.

Aparentemente, agora as coisas conspiram a favor do São Paulo. Além de jogar em casa, diante de uma torcida empolgada, o time dá a impressão de haver encontrado um ritmo próprio de jogo. Ao menos foi o que transpareceu da goleada aplicada sobre o Ceará, no último domingo.

Em contrapartida, o Corinthians, adversário desta noite, vive um ambiente pesado, que tende a culminar em uma séria crise, de proporções parecidas à que assola o Flamengo, ex-candidato ao título nacional deste ano.

Não que eu seja de acreditar em tabus e estatísticas sobrenaturais, que não passam de meras coincidências. Em todo caso, é sempre bom para o estado de ânimo da torcida saber que seu time é especialista em derrubar técnicos do maior rival.

Desde Joseph Tiger, em 1944, até o presente momento, foram 15 treinadores corintianos demitidos após fracassos contra o São Paulo. Tite corre o risco de se tornar um reincidente. No Paulistão de 2005, ele foi rifado do cargo do alvinegro, depois de uma derrota de 1 a 0 para o Tricolor.

O curioso é que na ocasião, o lateral-direito Coelho fez o favor de perder um pênalti para o Corinthians. Coisas do destino...

Por falar em curiosidades, entre os técnicos corintianos demitidos pelo Tricolor há outro reincidente: o ex-volante Dino Sani, em 1970 e 1975. Sani atuou pelos dois clubes como jogador.

Mais tarde tem o pós-jogo.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Ainda no aquecimento

O jogo mais importante do primeiro dia de Liga dos Campeões teve seu placar alternado já aos 23 segundos. Alexandre Pato recebeu bola ainda no meio-, iniciou uma precisa e rápida corrida e surpreendeu uma desorientada defesa do Barcelona. O gol deixou o Milan em vantagem por fundamentais minutos, e foi decisivo para que o time italiano deixasse o Camp Nou com um ponto.

O tento foi possível por méritos de Alexandre Pato - que mostrou uma impressionante velocidade e um acerto no arremate invejáveis - e por falhas da zaga barcelonista, que parecia que não tinha se ligado que o jogo já havia começado. E me fez pensar: será que mais times deveriam ensaiar jogadas para tentarem chegar ao gol logo no início?

Porque, invariavelmente, os gols de começo de jogo são frutos de chutões para a meta - que se beneficiam de um goleiro desorientado - ou, como no caso do gol de Pato, de uma defesa mal postada. Tenho na lembrança um jogo do Campeonato Espanhol de anos atrás (mas não sei quais os times, nem o ano, nem nenhum outro dado, infelizmente) em que um gol saiu de uma jogada ensaiada após o pontapé inicial, mas só isso.

Pode parecer bobagem apostar nisso, mas imagine um time que se planejasse para fazer 1x0 ainda antes da maioria dos torcedores sentarem em suas cadeiras? Teria a vantagem numérica em suas mãos e desorientaria o adversário. Aliás, acredito eu, tal tática seria ainda mais eficiente se aplicada em jogos de campeonatos de pontos corridos, já que nos mata-matas a pressão pelo resultado é maior e desperta atenções ainda no apito inicial.

É evidente que a jogada não poderia entrar em ação em todo jogo, sob o risco de se tornar facilmente combatida - mais ou menos como a falta que Ronaldinho bateu contra o Santos no 5x4 da Vila Belmiro. Mas seria uma boa alternativa.

Pedro Carmona

Me surpreendi vendo o vídeo abaixo sobre o novo jogador que o Palmeiras está brigando tanto ultimamente. Todos sabem o quanto me irritei com essa novela nos bastidores mas o fato é que o jogador parece entender um pouco da coisa. E sou bem crítico nesses momentos. Pessimista ao extremo. Preciso ver 39 boas jogadas para deixar de cogitar que foi apenas um "lance de sorte num dia feliz".

Confiram:



Amor não correspondido?

Desde pequeno tive uma vida sofrida. Não, não estou dizendo que passei fome, que não tive onde morar ou outras dessas coisas nada importantes comparadas ao futebol. Estou dizendo que eu nasci palmeirense.

Nas classes do ginásio, éramos sempre minoria.  Três, no máximo quatro. E a coisa fica pior quando digo que um deles era meu irmão gêmeo, que nunca ligou muito pra coisa e não sabe nem quem é o Evair. Estudei anos pensando que a sensação de ser campeão não existia. Que era daquelas coisas que só acontecem com "um amigo meu". Anos vendo os moleques desfilando com suas camisas tricolores "da IBM" e corinthianos com suas "da Kalunga". Me consolava no fato de ao menos o número de santistas ser menor. Na verdade acho que o primeiro que conheci de fato foi o Olavo. Chegava ao ponto de ficar feliz com uma eliminação precoce para ser esquecido quando das gozações entre corinthianos e são paulinos. Era muito sofrida aquela vida.

Mas por algum motivo destes inexplicáveis eu seguia meu caminho da mesma forma. Cada dia mais fanático e apaixonado pelo time que nem sequer havia me dado alguma alegria. Acho que meu pai, sábio, tratou de colocar na minha cabeça algo do tipo "mudar de time é coisa do diabo" ou pior. É, era por isso. Só pode ser.


Com o tempo fui aprendendo a conviver com derrotas vexatórias que me transformaram num torcedor extremamente desconfiado. Vi que a felicidade com lindos resultados eram acompanhadas de tombos maiores e por isso qualquer comemoração foi sempre comedida.

O tempo passou, as coisas melhoraram na década de 90. Já no último ano do ginásio pude ir pela primeira vez devidamente uniformizado como vi adversários fazerem durante anos. No colégio as coisas mudaram. Agora éramos em 5 ou 6 numa turma com 18 moleques. Nada mal, pensava. Mas o fato é que o Palmeiras sempre arranja um jeito de te proporcionar vexame. E cada vez pior.

Tá mas e daí?

Daí que essa vida sofrida me deixa preocupado com este ano. Eu sei bem que não temos time para chegar, mesmo com todos os adversários fazendo de tudo para não levar. Estou preocupado pois andei ouvindo comentários de que o penalti perdido contra o Cruzeiro ou o cometido contra o Atlético-PR nos deixariam a poucos pontos da liderança. Mas graças a Deus não aconteceu. Que bom que estamos indo de pouco em pouco pro meio da tabela onde as coisas são calmas e não trazem decepções maiores. Pois o quanto mais chegamos perto com esse time que não inspira a menor confiança, maior será o tombo depois. Não quero perder esse campeonato na última rodada e pro maior rival. Quero terminar como coadjuvante apenas. Esperar que no próximo ano as coisas melhorem, que a confiança volte. Que o Palmeiras recompense esse amor que parece crescer mais com as derrotas. Pois uma coisa é certa, esse amor é cada dia maior. Muito maior.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Reconhecendo

99% das pessoas que conheço sabem para qual time eu torço. E, destas, 90% sabem quem eu tenho como maior rival. Diferentemente da maioria dos santistas, que trata o Corinthians como maior adversário, eu coloco nesse posto o São Paulo. Herança de ter sido pré-adolescente na fase mais dourada do clube do Morumbi, talvez.

Com tal "DNA", seria fácil eu endossar a maioria dos não-tricolores e desmerecer a figura de Rogério Ceni. Mais: poderia ir na corrente que trata Marcos, do Palmeiras, como o maior goleiro da nossa geração. Porque parece ser impossível discutir Marcos sem falar de Rogério, e vice-versa; é como o debate sobre Rolling Stones e Beatles, Pepsi e Coca, Nintendo e Sega (nos anos 90, ao menos). Uma coisa chama a outra.

Mas não consigo abraçar essa filosofia. Não, Rogério não é meu ídolo, longe disso. Sua personalidade e um quê de arrogância - que acaba sendo uma espécie de síntese da arrogância de grande parte dos tricolores - afasta qualquer probabilidade de um não-são-paulino tê-lo como ídolo. Ainda mais em comparação com o carisma e as boas declarações de Marcos (taí de novo a comparação; ela aparecerá mais vezes ao longo do texto, já adianto).

A questão é que não dá para não considerar Rogério Ceni um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro. Sim, isso mesmo: um dos maiores da história do nosso futebol. Vou desenvolver meu argumento em tópicos.

Constância
Em 1997, Júlio César e Rafael, os hoje goleiros titulares de Corinthians e Santos, tinham respectivamente 13 e 7 anos. Marcos era reserva do Palmeiras (a titularidade só veio em 1999). Já Rogério assumia o posto de titular do São Paulo em substituição ao ídolo Zetti. Antes, tinha feito atuações boas pelo time (entrando às vezes ou como titular no lendário Expressinho), o que o credenciou a assumir a camisa 1.

Já em 2011, Rafael e Júlio César são titulares dos seus times, como já dito, e Marcos, devido a condições físicas, alterna atuações e períodos no departamento médico do Palmeiras. E Rogério Ceni segue titular incontestável no São Paulo.

De 1997 para cá, a condição de titular de Rogério Ceni jamais foi severamente ameaçada. Sim, houve o episódio do Arsenal e alguns outros instantes em que seu posto foi questionado, mas nunca "pra valer". Assim como é hoje em dia. E deverá ser até Rogério encerrar a carreira.

Liderança e as faltas
Entre os que preferem Zetti a Rogério Ceni como principal goleiro do São Paulo pós anos 80, um argumento típico é dizer que Zetti era "mais goleiro" e que Rogério se destaca apenas por ser um bom líder e marcar muitos gols.

É até uma linha lógica de pensamento. Mas... então o que Rogério faz além das defesas não pode ser considerado? Temos que "excluir" a característica de um jogador, na hora de compará-lo com outro? Ora, Rogério é cobrador de faltas e pênaltis sim, e também um capitão, e não há como retirar isso de sua trajetória no tricolor. Seus gols foram (e têm sido) importantíssimos para muitos dos triunfos do São Paulo. Não são meros acessórios, meros enfeites. Assim como sua liderança. Todo time precisa de um capitão - e se esse capitão tem identificação real com a casa, melhor ainda.

Tenho certeza que o São Paulo jamais teria tido aquela sensacional sequência entre 2005 e 2008 - um título Mundial, uma Libertadores, um Brasileiro e um Paulista - não fossem os gols e a liderança de Rogério, além, claro, de suas defesas.

Seleção brasilera
Há quem diga que Rogério só não fez "mais" na seleção brasileira por ser um cara politizado, que não aceita maracutaia, e blablabla. Isso é balela das mais furadas. Ninguém que seria tão ferrenho opositor da CBF seria convocado para duas Copas do Mundo e tantas outras ocasiões.

E se Rogério não teve a chance de ser titular da seleção em uma Copa do Mundo (ainda que tenha motivado uma histórica substituição de goleiros, algo que o Brasil jamais havia feito em mundiais), não se pode dizer que ter ido a duas - ainda que como reserva - não seja um feito expressivo. Uma Copa do Mundo é para poucos; duas, para pouquíssimos.

Mil, e contando
Rogério chegou agora aos mil jogos pelo São Paulo, marca alcançada no futebol brasileiro apenas por Pelé e Roberto Dinamite (preciso falar os clubes?).

O feito é muito expressivo. Não por ter sido conquistado em 2011, em tempos de futebol profissional - não podemos esquecer que Rogério é goleiro, e goleiros acabam naturalmente permanecendo mais nos clubes. O que chama a atenção é a quase inexistência de lesões e períodos de grandes ausências. É só comparar que Marcos, da mesma idade que Ceni, tem pouco mais de 500 jogos pelo Palmeiras.

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Concluo o texto enfatizando algo óbvio: reconhecer é uma coisa, admirar é outra. Torço contra Rogério Ceni, simplesmente pelo fato dele representar o clube que, como dito no início do texto, tenho como principal rival no futebol. O que não me faz desmerecer tudo o que ele faz e fez pelo São Paulo e pelo futebol brasileiro como um todo. Rogério é digno de aplausos e merece ser reconhecido como um mito. Ainda que não se goste de sua personalidade.

Foto: www.saopaulofc.net

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

'O pior pênalti da história'

Que terá passado pela cabeça de Amir Sayoud nos instantes que precederam a execução daquela penalidade máxima? Por certo, o meio-campista argelino não pensava em fazer história. Se muito, há de ter cogitado, astuto: “Procederei com uma ‘paradinha’ – mas de maneira tão discreta, que o juiz não terá forças para anular o tento”. Pois o jovem atleta do Al Ahly conseguiu um bocado mais.

O que é, afinal, um gol de pênalti perto desta ocorrência bisonha que o rapaz cometeu em jogo válido pela Copa do Egito? Veículos da imprensa estrangeira, desde ontem – data da partida entre Al Ahly e Kima Aswan –, indagam-se se não foi este o pior pênalti jamais batido em todos os tempos. De fato: o canhoto Amir Sayoud chutou o seu de maneira invulgar.

Repare como, até o momento da paradinha propriamente dita, tudo se desenrolava a contento. O pé esquerdo do jogador ameaça a batida e retrocede em velocidade adequada. Mas então se dá a traição: o pé direito, ou “de apoio”, como se diz, escorrega. E lança adiante seu proprietário, que, mais por instinto que por senso de ridículo, faz uma última e fracassada tentativa.

O chute, prezado leitor, seria uma lástima se tivesse hora e lugar num campeonato interescolar. Categoria fraldinha. Em nível profissional, fica sendo cômico, coisa que o Amir percebeu de pronto, ao se levantar sem disfarçar o sorriso encabulado. Consideremos, ainda, o agravante: o árbitro, como manda a lei do futebol, aplica o cartão amarelo ao infrator. Pois claro. Amir atentou contra a própria reputação e contra a regra, que proíbe o movimento maroto da paradinha.

No final, o Al Ahly ganhou do Kima Aswan por goleada de 4 a 0. E, nota triste, houve confronto entre polícia e torcedores. Saldo: 130 feridos. Parece ter havido uma morte, por atropelamento, do lado de fora do estádio. De modo que o jogo teria uma herança apenas fúnebre - não fosse, evidentemente, o ato solo de Amir Sayoud.

sábado, 3 de setembro de 2011

Contratações

O Palmeiras enfrentou nesta semana uma certa batalha para trazer o bom meia Pedro Carmona do Criciúma. No fim das contas o atleta praticamente abandonou o clube para assinar o novo contrato, o que deixou sua atual diretoria bem irritada. Se concretizada ou não, o caso ainda deve dar o que falar.

Não quero entrar no mérito sobre a capacidade técnica ou não do jogador mas o fato é que o Palmeiras vem passando por muita dificuldade para contratar jogadores ultimamente. O caso do Martinuccio foi o mais vexatório, quando o Palmeiras que tinha o pré-contrato assinado viu o jogador se transferir pro Fluminense. Agora com o Carmona o jogador precisa abandonar o time atual para se transferir.

Apenas uma coisa fica clara para mim sobre estas situações: a falta de capacidade do departamento jurídico do Palmeiras. Até que ponto o Palmeiras não persuadiu o jogador a sair do clube, como o Fluminense fez para convencer Martinuccio a ir curtir uma praia no Rio de Janeiro? E mais, será que tanta batalha realmente se mostra eficaz no final das contas? Detalhe que não estamos falando dos Ronaldos, Lucas ou Neymar, mas sim de Martinuccio e Pedro Carmona.

Uma coisa é clara no Palmeiras: jogador que chega muito badalado nunca dá em nada. Prefiro acreditar mais em Fernandão, que nem apresentado foi e já poderia ter sua estátua nos corredores do Palestra Itália pelo dia de herói no último clássico.

Grande vitória, esperada derrota, e a vida segue...

Olá caros leitores. Desculpe pelo atraso deste viajante, porém fiel, palmeirense.

Há uma semana praticamente o Palmeiras conseguia fazer o que espero não ser o máximo que conseguirá neste campeonato: bater o maior rival. Por mais que as oscilações dos times na parte de cima da tabela causem alguma injeção de ânimo nas torcidas pelo Brasil (ou seria pelo eixo Rio-São Paulo?), a torcida do Palmeiras ainda vê seu time ir caindo de posições, mesmo que numa velocidade pouco acelerada.

Sobre o jogo, percebi certa unanimidade nos comentários de mesas circulares por aí dado a clareza com que se pode analisá-lo. O Corinthians entrou tocando bem e rapidamente a bola, envolvendo facilmente o time do Palmeiras, e com isso conseguia criar algumas chances que paravam em Marcos ou na sólida defesa alvi-verde. Já o Palmeiras conseguiu chegar apenas depois de algum tempo de jogo, mas com a chance mais clara, em uma cabeçada de Kléber. O jogo seguiu neste ritmo até que, numa tentativa de cruzamento de Emerson, Henrique não alcançou, Marcos falhou (enganado ou não, falhou, como o próprio reconheceu) e o Corinthians abriu o placar.

Isso foi o que o Palmeiras precisava para começar a apresentar algum futebol. E por sinal foi dos melhores que conseguiu neste campeonato. Já o Corinthians, parou. O time se tornou apático e foi facilmente envolvido pelo rival. Felipão viu na entrada de Fernandão a referência que o ataque precisava pra chegar aos gols. A mudança deu certo e, com o estreante na área, Kléber e Luan ganharam mais espaços para preparar as jogadas. As chances foram sendo criadas e, numa cobrança de escanteio, Júlio César falhou (o próprio não reconheceu, como de costume) e Luan empatou a peleja.

Na volta pro segundo tempo, nada mudou. O Palmeiras tocava a bola como queria e o Corinthians continuava numa apatia de matar até os menos fanáticos torcedores. Não demorou para Marcos Assunção realizar um belo lançamento pro herói e estreante do dia Fernandão matar no peito e marcar um golaço digno de Magrão, Obina, e outros atacantes que até então são apenas lembrados por terem sido o herói do derby alguma vez na vida - tomara que o atual não fique apenas nisso.

Nem mesmo após o gol o Corinthians esboçou alguma grande mudança de comportamento. O Palmeiras até tentava aumentar a vantagem mas era mais preocupado em manter o placar. No final uma cabeçada de Valdivia e um chute de Liedson não foram suficientes pra evitar que o Palmeiras saísse vencedor por 2x1.

Acontece que na rodada seguinte as coisas se reverteram. O Palmeiras, azarado como sempre, tinha o Botafogo em grande fase pela frente e não viu a cor da bola. No jogo em que a zaga fez a pior partida no campeonato, justamente após ter feito uma grande apresentação contra o maior rival, a derrota foi justíssima. Já o Corinthians viu adversários diretos perderem seus jogos e venceu o Grêmio numa atuação desastrosa da arbitragem, daquelas que todos sairam prejudicados.

A vida volta a ser a mesma para os palmeirenses depois de um lampejo de alegria no clássico. Se quando o título não vem, o clássico é o que vale no campeonato, a torcida do Palmeiras pode-se dizer realizada em 50% este ano. Mas é triste conviver com o fato de que se contentar com isso é o bastante.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Agora vai!

Foto: Atlético-PR
Não sou adepto de uma visão de futebol que virou quase que unânime por aqui - a que diz que toda e qualquer troca de treinador está errada. Claro que existem suas bizarrices, mas também há os exemplos na mão oposta. Alguém aí acha, depois de um título paulista e o da Libertadores, que o Santos fez errado em demitir Adilson Batista e ir com tudo atrás de Muricy Ramalho?

Ainda assim, não dá para compreender algumas demissões e contratações. O dia de hoje foi (ou é melhor usar "está sendo"?) animado. Cruzeiro demitiu Joel Santana, Bahia dispensou Renê Simões, Atlético-PR trouxe Antonio Lopes para o lugar de Renato Gaúcho, que pediu o boné há poucos dias.

E é essa última transação que quero abordar. Ao ler "Antonio Lopes" e "Atlético-PR", você talvez tenha pensado algo como "pô, mas se não me engano o delegado já passou por lá... ele era o técnico dos caras quando eles chegaram à final da Libertadores...". Exato. Pelo que foi publicado hoje, a passagem que se iniciará amanhã será a quinta de Lopes pela Arena da Baixada. A anterior foi em 2010.

Sim, isso mesmo. No ano passado. Ou seja: há pouco mais de um ano, Lopes não era técnico para o Furacão. Hoje, é a solução para um time que faz campanha horrível no Brasileiro e para quem o rebaixamento aparece como uma realidade próxima.

Entendo que no futebol existe uma coisa chamada "clima". É o que me fez achar correta, por exemplo, a demissão de Muricy Ramalho pelo São Paulo em 2009 - embora ele talvez tenha sido o segundo melhor técnico da história do Tricolor e me deixe a certeza de que voltará ao Morumbi ainda em breve. Talvez não tenha havido clima para que Lopes prosseguisse no Furacão no ano passado e hoje as coisas estejam melhores.

Mas cá entre nós, prefiro creditar isso à bizarrice, à impulsividade e à falta de critério dos nossos dirigentes.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

"Até eu"? Não, não

O primeiro post (pra valer) do Escanteio Curto foi sobre o centroavante André, revelado pelo Santos e que hoje está no Atlético-MG. Debateu-se a volta de André ao futebol nacional, que deveria ser uma redenção ao atleta, queimado após fiasco em dois times da Europa. Na ocasião, ressaltei que a decadência de André foi prevista por muitos, já que, na visão destes, ele não tinha muitos méritos por jogar ao lado de Robinho, Neymar e Ganso, que o serviriam ótimas bolas.

Eis que o momento atual do Santos tem consagrado um centroavante. Borges, que veio do Grêmio e que ontem foi a peça-chave para que o Peixe buscasse um épico empate contra o Internacional, após estar perdendo por 3x0 até mais da metade do segundo tempo. Borges fez dois gols (um deles magistral) e participou do outro. É o artilheiro do Brasileirão até o presente momento.

Desde que a base do atual Santos foi montada, Borges é o quarto homem a vestir a camisa 9. O antecederam André, Keirrison e Zé Eduardo. Sobre André já falamos. Keirrison foi pífio, como todos sabem. E Zé Eduardo, embora tenha até mostrado qualidade em alguns jogos, deu raiva na torcida santista durante a Libertadores.

De modo que Borges e seu momento atual mostram que o "assim até eu", tão apregoado para desprezar os méritos de André, não é procedente. Borges tem sido decisivo, letal, fundamental para que o Santos mostre algumas fagulhas de bom futebol no campeonato. E não apenas como "homem que empurra pra dentro". Desempenha com qualidade uma importante função tática e acaba liberando mais espaço para Neymar - o sobrecarregamento do menino durante a Libertadores foi assustador.

O Santos segue mal na tabela e, olhando na frieza dos números, escapar do rebaixamento é uma meta mais tangível do que qualquer outra. Mas não dá para negar que há uma certa aura de "boa fase" na Vila - são quatro jogos de invencibilidade.