sábado, 30 de julho de 2011

Defesa!

Se existe uma lição deixada pela última rodada do Brasileiro é que Santos, Coritiba, Flamengo e São Paulo possuem defesas péssimas. Quarta-feira à noite, tive a oportunidade de acompanhar a transmissão pós-jogo da SporTV, o canal mais bajulador do clube da Gávea, de que se tem notícia - mais até que Galvão Bueno, o baba-ovo-mór da crônica esportiva tupiniquim.

Os comentaristas do referido canal pintavam o Flamengo como novo favorito ao título nacional, em uma análise rasa e desprovida de qualquer tipo de lógica. A meu ver, a falácia desse tipo de opinião consiste em atribuir conotação positiva a algo que é por natureza ruim.

Serei mais claro: no final das contas, o que merece ser destacado na vitória do Flamengo sobre o Santos não são os belos lances de Ronaldinho Gaúcho e Neymar ou a capacidade de reação da equipe rubro-negra. O que realmente espanta é fragilidade da defesa do time de Luxemburgo.

Para mim, está claro que Flamengo, São Paulo e Santos não têm vida longa neste Brasileirão. Essa verdade tende a se tornar mais evidente na medida em que esses times tiverem de se defrontar com equipes bem armadas defensivamente.

Além de não marcar gol, ficarão sob constante risco de sofrer sonoras goleadas.

Foi o que se passou na derrota do São Paulo diante do Corinthians, por exemplo. O time de Tite não tem lá grandes craques - embora eu reconheça que Willian está acima da média - e não pratica um futebol vistoso. Porém, não apresenta grandes desníveis de qualidade. O ataque funciona e a retaguarda não compromete. Ao se deparar com um adversário desorganizado na zaga, o alvinegro fez a festa.

Não me arrisco a dizer, porém, que Tricolor, Santos ou Flamengo devam dar adeus ao título desde já. Pode ser que os treinadores consigam fazer algum milagre, a tempo de alterar o curso natural das coisas. Se bem que não ando muito fã do sobrenatural, ultimamente.

Teimosia

De todos os defeitos de Carpegiani, o maior, sem dúvida alguma, é a teimosia. Esta, aliás, costuma ser a grande inimiga dos técnicos de futebol. Ex-craque do Inter e do Flamengo, Paulo César deveria ao menos ter a capacidade de reconhecer a importância que um meia fora de série tem para uma equipe que almeja brigar pelo título.

Portanto, chega a ser espantosa a insistência do ex-técnico do Tricolor em manter Rivaldo exilado no banco de reservas, principalmente nas situações em que o time necessitava de maneira urgente de um toque refinado na criação das jogadas.

Se ainda tiver um pingo de vergonha na cara e de respeito próprio, a esta hora Carpegiani deve ficar corado de vergonha pela atitude assumida em relação a Rivaldo, hoje, o principal responsável pela criação das jogadas ofensivas do Tricolor. Eu diria mais: caso ainda haja uma réstia de decência no gaúcho, ele deveria se ajoelhar diante do verdadeiro craque da Copa de 2002 e implorar por perdão.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Começa o Mundial Sub-20

Quatro jogos - Brasil x Egito, Áustria x Panamá, Inglaterra x Coreia do Norte e Argentina x México - abrem hoje a edição 2011 do Mundial Sub 20. A sede do torneio é a Colômbia - que já entrou para a história com a espetacular recepção dada à seleção inglesa.

São 24 times que disputam o troféu cuja atual detentora é a seleção de Gana - que, curiosamente, não se classificou para o torneio de agora, vejam só. Destaca-se também Alemanha e Itália entre as ausências e, do lado das presenças, times que jamais jogaram uma Copa do Mundo principal, como Mali, Guatemala e Panamá.

O Brasil compõe o Grupo E com Áustria, Panamá e Egito. O time é favorito não só para liderar a chave como também para levantar a taça. Porém, o mesmo fator que o credencia como candidato é o que afeta sua reputação: me refiro ao Sulamericano Sub-20, no qual o time foi campeão. A questão é que aquela equipe teve como melhores jogadores Lucas e Neymar, que não jogarão o Mundial.

Apesar da ausência dos dois, há uma série de atletas de reputação que estarão presentes. Os campeões da Libertadores Danilo, Alan Patrick e Alex Sandro; Casemiro e Oscar, titulares de São Paulo e Inter; e Philipe Coutinho, da Internazionale, que tende a assumir a condição de estrela da equipe ocupando a vaga de Neymar.

A história do Mundial Sub-20 é repleta de eternas promessas e "craques" que acabam não dando em nada. Por outro lado, revelou, sim, nomes que marcaram época no futebol mundial - Lionel Messi foi o craque da edição 2005 e Maradona o de 1979, entre outros. Seja como for, é garantia de um torneio divertido para os amantes do futebol.

Para quem quiser acompanhar o torneio com precisão a melhor dica é visitar sempre o Olheiros.net. Há até um texto sobre o Mundial de autoria deste que vos escreve: um perfil da seleção da Austrália. A tabela completa está no ótimo site da FIFA.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

O ano em que o Palmeiras perdeu pro regulamento

Aproveitando a virada de mesa na Argentina e o belo post do nosso amigo Olavo, gostaria de falar sobre o Campeonato Paulista de 1991.
O meu desejo de escrever sobre este campeonato esta semana não é coincidência. Quando se fala em viradas de mesa ou rebaixamentos, sempre me vem na cabeça o Paulistão daquele ano. Vou dizer o porquê daqui a pouco.

Primeiramente, quero deixar um plano de fundo sobre o alviverde naquela época. O Palmeiras já amargava uma fila de 14 anos sem títulos e vinha ficando no quase naqueles anos anteriores, com bons times entregando o título nas rodadas finais. Em 1986 perdeu a final para a Inter de Limeira mesmo jogando duas partidas no Morumbi e depois de ter despachado o corinthians nas semifinais. Em 1987 tinha nomes como Edua Manga, Neto e Zetti, mas parou no tricolor na semifinal mesmo tendo vencido o rival na primeira fase. No ano de 1988 o destino fez com que um dos quadrangulares finais reunisse os quatro grandes, deixando no outro a possibilidade para Guarani, São José, Inter de Limeira ou XV de Jaú chegarem na final do estadual. Detalhe deste ano é que uma vitória do Palmeiras, já sem chances, sobre o São Paulo na última rodada fez com que o rival corinthians se classificasse para levar o caneco frente ao Guarani. Nos dois anos seguintes  a gota d'água para os palmeirenses. Após excelentes campanhas, uma perda de invencibilidade para o Bragantino e um 0x0 em casa contra a eliminada Ferroviária, respectivamente em 89 e 90, deixaram a chance de sair da fila para o ano seguinte.

Veio o Paulistão de 1991, ano o qual o título deste post diz respeito. Palmeiras novamente tinha um bom time, com todos querendo tirar o time da fila que já incomodava bastante.  Mas as coisas não seriam muito boas para o alviverde, como veremos a seguir.

Devido ao fato do São Paulo ter sido "rebaixado" em 90, teve de jogar a primeira fase de 1991 no grupo amarelo, mais fraco, com São José, Catanduvense e demais "potências" do futebol do interior paulista. As aspas acima se justificam dado o regulamento. O campeonato Paulista do início da década de 90 premiava os primeiros colocados do grupo amarelo (3 em 1990, 2 a partir de 1991) com vagas nos dois quadrangulares semifinais e, dessa forma, não havia de fato um rebaixamento para a segunda divisão em caso de péssima campanha ao menos que seu aproveitamento fosse ruim por dois anos consecutivos.

O São Paulo fez uma campanha tranquila na primeira fase jogando contra times pequenos. Foram 17 vitórias, 8 empates e apenas uma derrota. Só que o regulamento previa esta campanha de primeira fase como primeiro critério de desempate, ignorando o fato de corinthians, Santos e Palmeiras terem enfrentado clássicos entre si e jogado contra times mais tradicionais no grupo verde (Portuguesa, Guarani e a sensação à época: Bragantino).
Na segunda fase, o corinthians, mesmo não convencendo a imprensa da época após o título nacional do ano anterior, não teve problemas em desbancar Portuguesa, Inter de Limeira e Santo André. No outro quadrangular Palmeiras e São Paulo brigavam com Guarani e Botafogo para ver quem chegaria à decisão. Na primeira rodada um jogaço e o São Paulo largando na frente com 4x2 frente ao rival do Parque Antártica. Contra os times do interior, alguma diferença. São Paulo venceu em casa e empatou fora ao passo que Palmeiras bateu os dois adversários duas vezes cada. Como antes de 1994 uma vitória ainda valia dois pontos, o derby na última rodada trazia ambos os times com 8 pontos. Acontece que por conta do regulamento, São Paulo jogava por empate graças a sua magnífica campanha contra Marília, Olímpia, Sãocarlense, Rio Branco e afins (!!). No campo, mesmo um Palmeiras dominando do começo ao fim, Zetti, a trave e a zaga salvando em cima da linha fizeram com que o marcador não se alterasse, levando o tricolor para a decisão.

A tranquila vitória de 3x0 na primeira finalíssima serviu não só para o São Paulo praticamente colocar a mão na taça, mas também para os palmeirenses lamentarem a chance de antecipar 1993 em dois anos.

O jogaço que decidiu a classificação do São Paulo pode ser visto abaixo:

Jogão nos olhos dos outros...

Na comédia romântica "Nunca fui beijada", estrelada por Drew Barrymore, há um diálogo que ficou na minha cabeça. Em determinado momento do filme a personagem de Drew, Josie, conhece uma moça em seu colégio cujo nome é Aldys. Ela então diz: "Aldys, que nome bonito!". No que a colega retruca: "é um nome muito bonito quando não é o seu".

O Santos 4x5 Flamengo de ontem deixou essa sensação nos santistas. Foi um jogaço. Mesmo. Uma das melhores partidas de futebol no Brasil nos últimos 10, 15 anos. Atuação de gala do melhor jogador brasileiro na atualidade, Neymar, e também de um dos reis da década passada, Ronaldinho. Uma partida daquelas que todos falarão no futuro.

Mas... é difícil para um santista assimilar esse "mérito" todo da peleja, ao menos por enquanto. O que se pensa, agora, é na incompetência de um time que faz 3x0 sobre o adversário com 26 minutos, jogando em seus domínios, e permite o empate. Ou que reverte a situação, constroi um 4x3, mas acaba ficando com a derrota.

Acaba ficando ofuscada a maravilhosa atuação de Neymar, apagada pelo desempenho apagado de Ganso, por uma péssima jornada de Léo e Pará, e por Elano. Notem que não usei adjetivo para me referir a Elano; ele, ontem, nada mais foi do que o que vem sendo desde fevereiro, quando se iniciou sua sequência de péssimas atuações com a camisa do Peixe. Ídolo é ídolo, mas não há crédito que seja eterno.

Raras vezes vi uma partida ser tão elogiada quanto a de ontem. É consenso que foi um jogaço. Mas aí o torcedor santista, tal qual a Aldys do filme de Drew Barrymore, pensa em seu íntimo: "foi um jogaço porque não foi com o seu time". E vamos em frente.

Lesões e punições
Em meio ao grande futebol apresentado por Santos x Flamengo ontem, um fato acabou passando batido. Ainda no primeiro tempo, Neymar cometeu uma falta corriqueira em Luiz Antonio. O jovem meio-campista do Flamengo caiu de mau jeito e sofreu uma luxação no ombro, tendo que ser substituído. É ausência certa do próximo jogo do Fla e talvez fique de fora em outras partidas.

Trago este assunto à tona pelo seguinte: volta e meia alguém aponta como solução para coibir a violência no futebol um sistema de punição que determinasse que o agressor deveria ficar afastado dos gramados a mesma quantidade de tempo que sua vítima. O incidente Taylor x Eduardo da Silva, quando o zagueiro inglês quase fez do croata-brasileiro um cadeirante, foi pródigo em motivar este tipo de opinião.

Vimos, ontem que as coisas não são tão lineares assim. Neymar fez uma falta das mais simples e Luiz Antonio caiu de mau jeito, daí a sua lesão. Imaginem se Neymar tivesse que ficar de fora enquanto não estivesse concluído o tempo de recuperação do flamenguista? Fica aí o exemplo.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Para espantar a 'urucubaca'

O São Paulo não tem outra opção, hoje à noite, senão vencer o Coritiba. Tudo bem que o jogo será no Couto Pereira. Além do mais, Adílson, nosso novo treinador, ostenta um retrospecto nada invejável neste Brasileirão.

O pobre coitado ainda não venceu uma única partida na competição. Fico me perguntando o que passa na cabeça de um cartola que decide trocar o eterno "auxiliar" Milton Cruz, com suas duas vitórias consecutivas, por um treinador que caminhava a passos largos rumo ao rebaixamento, com o Atlético Paranaense.

Este ano, ao que parece, tudo conspira contra o Tricolor neste Brasileiro - inclusive a própria diretoria. A salvação tem de vir dos pés dos jogadores. Se eles tiverem vergonha na cara, conseguirão ser maiores do que as adversidades que se acumulam no horizonte são-paulino.

Uma vitória fora de casa, no momento atual, além de resgatar a autoestima do grupo, serviria para compensar os pontos bestas perdidos pelo time, recentemente.

Nunca tive dons de profecia, diferentemente do jovem Daniel, que era capaz de resistir à tentação dos alimentos impuros e sair com vida de uma toca repleta de leões.

Em todo caso, me arrisco a dizer que temos condições de levar os três pontos, hoje à noite. O placar? Digamos uns 3 a 1 para o Tricolor. Já que é para me tornar alvo de chacota dos adversários, ao menos me deixem sonhar por alguns instantes. E já que falei em Daniel, vai outra profecia: nossos pretensos rivais pelo título não passam de gigantes com pés de barros, tal como o que amedontrava Nabucodonosor.

Olé

Torcedor com excesso de cautela deixa de se divertir enquanto assiste a uma partida de futebol. Tudo bem que não acho certo sair por aí cantando vitória antes de hora, porque esse tipo de postura representa o caminho certo para a frustração.

Corria o ano de 2002. O SPFC acabava de empossar sua nova diretoria, com o saudoso Marcelo Portugal Gouveia, que, anos mais tarde, conduziria o clube novamente ao topo de mundo. Os cartolas assumiram trazendo na bagagem uma carreta de promessas, que incluíam a contratação de reforços badalados para o time.

Então, um belo dia, acompanhado do então futuro jornalista Marcos Ferreira, resolvi ir ao Morumbi assistir a um jogo do Tricolor contra o Corinthians. Naquela época, vigorava um vergonhoso tabu para o nosso clube.

Se alguém me perguntar detalhes da partida, serei incapaz de fornecê-los. Mas me recordo com clareza que o Corinthians quem abriu o placar, e logo no primeiro tempo. Lá pelas tantas, Nelsinho Baptista (vejam só!) resolveu mexer no time e colocar Adriano - aquele meia que foi campeão do mundo com a Seleção de Juniores, em 93 - entre os titulares.

A mexida deu certo, e em pouco tempo o jogo estava empatado. Mais um pouco e virávamos o placar. Se não estou enganado, Reinaldo, ex-Flamengo, marcou um dos gols. A essa altura da partida, as coisas em campo estavam totalmente dominadas em nosso favor.

Faltava só esperar o apito do juiz, que confirmaria a quebra do tabu. Um grito de "olé" começou a ecoar nas arquibancadas, primeiro de forma tímida, para depois ganhar ares de provocação ao adversário.

Triste ilusão. Doido que estava para garantir a vitória mirrada, Nelsinho decidiu retirar o lateral Gabriel de campo e colocar Ameli no lugar. Em seu primeiro lance na partida, por volta dos 45 minutos do segundo tempo, o argentino fez falta em Gil, perto da área, e o Corinthians igualou a fatura.

Na saída do estádio, ouvi um sujeito resumir o que havia se passado conosco, naquela tarde trágica: "Foi como levar um chute no saco". E ele estava coberto de razão. A grande questão é: nosso grito de "olé" teve alguma relação com esse empate com sabor de derrota?

Por muito tempo, agi como se tal ligação existisse. Evitava gritar olé mesmo quando estava 5 a 0 para meu time. Hoje, percebo que essas situações independem da vontade do torcedor comum. Talvez eu tivesse me divertido mais se não levasse o futebol - e a vida - tão a sério.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Argentina cria seu Brasileirão de 1993

A essa altura todo mundo já sabe, mas não custa nada reforçar: a AFA (a CBF da terra de Carlos Alberto Galván) decidiu impor uma virada de mesa no Campeonato Argentino, que vigorará a partir da temporada 2012/3. A medida prevê que a partir desta temporada em questão o campeonato local passará a ter 40 times, em oposição aos 20 atuais. O inchaço será feito com a promoção de praticamente todos os times que disputarão a próxima edição da Nacional B (a Série B local) - apenas quatro, que cairão para a terceirona, não subirão de nível.

A medida tem como objetivo óbvio e descarado salvar o River Plate. O time millionario foi rebaixado no mês passado após perder um playoff com o Belgrano que definia quem jogaria a elite. Vale ressaltar que o River "fez esforço" pra cair: a Argentina adota (ou adotava até essa virada de mesa) o sistema de promedio, no qual o rebaixamento é definido pela média de pontos obtidos pelos clubes nas últimas três temporadas. Ou seja, não basta um único campeonato ruim para ser rebaixado, mas sim uma sequência na draga.

Temerosa que o tradicionalíssimo clube ficasse por muito tempo no purgatório futebolístico, a AFA deu um jeito para que voltemos a ter o River na elite logo logo. Criou assim um monstrengo. A Argentina, que utilizou o sistema de pontos corridos antes do Brasil, terá a partir de 2012/3 um campeonato em que os clubes serão divididos em cinco grupos com oito equipes cada. Parte passará para a próxima fase, a partir da qual se iniciará um mata-mata até a determinação do campeão.

No Brasil, o clube que ficou tachado por ter sido beneficiado com viradas de mesa foi o Fluminense. Mas a medida argentina relembra, na verdade, algo que não teve como destinatário o tricolor carioca, e sim o gaúcho.

Em 1992, o Grêmio jogava a segunda divisão nacional. O clube fez péssima campanha no Brasileirão de 1991 - apenas três vitórias em 19 jogos -, ficou em penúltimo lugar e amargou o descenso. Que realmente ocorreu; não houve virada de mesa. O Grêmio jogou, pra valer, a Série B de 1992, tendo como adversários clubes do naipe de Picos-PI, Confiança-SE e Itaperuna-RJ.

Pois bem: apesar de todo este quadro, a campanha do gigante gaúcho era péssima. O time chegou a se classificar para a segunda fase do torneio, mas sua trajetória não empolgava ninguém. Havia um real risco de se ter o Grêmio jogando a segundona por dois anos seguidos.

O que decidiu a CBF, então? Que a segunda divisão de 1992 passaria a ser o campeonato mais camarada do mundo! De seus 32 clubes, 12 subiriam para a elite brasileira no ano seguinte. O detalhe é que isso foi atestado depois do campeonato em curso, ou seja, times foram promovidos sem sequer perceberem que estavam alcançando tal feito.

Assim, o Grêmio conseguiu subir de divisão. Com ele, potências como União São João e Desportiva-ES também chegaram à elite.

E a pataquada foi coroada quando da decisão do formato do Brasileirão de 1993. Sem respeitar qualquer critério técnico, a CBF decidiu que o Nacional daquele ano teria quatro chaves - duas para a elite, nas quais não havia rebaixamento, e duas para o restante. O Grêmio ficou no grupo superior.

É isso que lembramos quando vemos o que a Argentina acabou de decidir. Tempos que, se tinham jogadores brilhantes em campo e festas na arquibancada incomparáveis às atuais, no que se refere ao extracampo estão longe de merecerem qualquer espécie de saudosismo. O Brasil evoluiu, e a Argentina, infelizmente, foi na mão oposta.

E para fechar o post, ilustro o texto com o vídeo de Vitória x Paraná, duelo entre os times da "não-elite" do Brasileiro de 1993 que colocou o time baiano nas semifinais do torneio maior:

Tragédias

Dias atrás, eu matutava comigo mesmo que um time teria de ser muito incompetente para não conseguir ganhar do Atlético-GO ou do América-MG. Notem que queimei feio minha língua. Meu Tricolor obteve a proeza de empatar em casa (!) com um favoritos ao rebaixamento no Brasileirão deste ano.

O pior é que ataque funcionou razoavelmente bem. Não fosse pelos patetas da defesa, talvez tivéssemos garantido os três pontos. Está certo que o final de semana não foi de todo ruim para o SPFC, mas graças, unicamente, à incompetência de nossos adversários diretos na tabela.

Tivéssemos ganho esses pontos bestas, estaríamos mais próximos da liderança. Se analisarmos friamente, não ganhar de um "cachorro morto" como o Atlético-GO talvez seja pior do que levar goleada em um clássico.

Sim, porque em um clássico as equipes acabam por se equiparar, independentemente das questões conjunturais. Pode parecer clichê (e na verdade é), mas nesse tipo de partida não há favoritos.

O mesmo não se pode dizer sobre o jogo de sábado. Ele fará toda diferença na contagem final do campeonato. Já me imagino daqui a alguns meses, com uma tabela na mão, lamentando os pontos perdidos de maneira tão besta para um adversário de quinta categoria.

Do endeusamento pós-mortem
Eu não estava muito afim de tocar nesse assunto, que foge totalmente à proposta deste blog futebolístico. Porém, temos de considerar que o mundo não gira em torno das quatro linhas. Portanto, vou tecer breves considerações a respeito da morte de Amy, cantora de certo talento, cujo principal feito na carreira foi ter sido filmada fumando crack.

Como não poderia deixar de ser, Amy passa por um processo de endeusamento via mídia, justo agora que se tornou alimento para os vermes e bactérias da terra. No tempo em que cambaleava pelo mundo e consumia o oxigênio da atmosfera, a cantora era assunto nos veículos de comunicação principalmente por conta de sua adicção (aprendi esta palavra fazendo matérias no AA) em etanol e drogas.

Morta, Amy é tratada pela imprensa como a "diva que revolucionou a música mundial"!

Francamente, quem seria eu para negar o talento da britânica? Porém, há de se levar em conta que ela deixa uma obra para lá de mirrada. Perdi as contas de quantas vezes ouvi aquele maldito refrão "No, no, no..." nas matérias que abordavam a morte da cantora. E as demais músicas da tal diva? Existem?

Apenas isso já serve para comprovar que Amy é mais uma das tantas que passaram pelo mundo do "show business". E nada mais. É como uma gotinha no meio do oceano. No final das contas, não deixará legado algum. Só uma história de vida trágica, que talvez venha a servir de inspiração para uma dúzia de telefilmes e seriados de péssima qualidade.

Duvido que, quanto Paul morrer, as TVs passarão dias tocando somente "Yesterday".

domingo, 24 de julho de 2011

Fuerza Jovem

Pode ser que no Mundial Sub-20, que começa nesta semana, a seleção celeste dê vexame.

Pode ser que na Libertadores do ano que vem os times de Montevidéu comam poeira.

Pode ser que a Olimpíada de 2012 deixe claro que os títulos de 1924 e 1928 são coisas do passado.

Pode ser que as Eliminatórias façam com que uma nova edição do Maracanazo nem passe perto de acontecer.

Tudo pode ser, mas nada pode apagar o fato de que o Uruguai voltou a conquistar a América e coroou com o título uma condição a que chegou há exato um ano: a de melhor seleção do continente.

Parabéns aos campeões!


sexta-feira, 22 de julho de 2011

Minhas primeiras pílulas de 'sabedoria'

O título acima deve-se à minha demora em fazer meu primeiro post. Alguns a interpretarão como uma forma humilde que encontrei para implorar a clemência dos companheiros e leitores deste blog, por conta de meu atraso em escrever. Outros talvez entendam que a escolha se resuma apenas a uma forma hipócrita encontrada pelo escriba, a fim de valorizar sua participação.
O fato é que tem dias em que é complicado encontrar inspiração para escrever sobre o que quer que seja. Principalmente quando se tem de falar sobre futebol numa época em que seu clube do coração vive momentos de incertezas.
Há quem interprete as duas recentes vitórias do Tricolor como um sinal de sua inexorável ressurreição no Brasileirão. Tenho lá minhas dúvidas quanto a isso. É certo que o retorno de Lucas e dos garotos que estavam nas seleções de base tende a fortalecer o elenco para os próximos confrontos. Mas só isso bastará? Além disso, tenho dois pés atrás em relação a Adílson Batista - são apenas dois porque são os únicos com os quais a natureza me agraciou; fosse eu uma centopeia, talvez fossem 66 pares de pés atrás para com o novo almirante do Morumbi.
Já tive minhas fases de profeta no futebol. Hoje, estou entre aqueles que preferem aguardar. Não que eu tenha a intenção de pagar uma de engenheiro de obra pronta, especialistas que jamais erram em suas análises. Longe disso. Mas é que quando o cenário se mostra nebuloso demais, o melhor é ter cautela. No íntimo, tenho uma ponta de esperança que a situação pode melhorar.
O celular de Larissa
Depois de ver mais um jogo do Paraguai pela Copa América, passei inicialmente a duvidar da sanidade mental da jovem Larissa, que compartilha o sobrenome com aquele grande craque argentino, hoje atirado no limbo do esquecimento.
O que me deixa intrigado é ver a enorme empolgação da moça diante do péssimo futebol apresentado pela seleção de seu país. Tudo bem que, talvez, ela passe mais tempo preocupada com as lentes dos fotógrafos do que com a ação que se desenrola no interior dos gramados.
Pode até ser. Penso, porém, que mesmo o mais alienado dos seres demonstraria desgosto, caso tivesse de acompanhar 90 minutos de uma partida sofrida, como a disputada pelo Paraguai contra o Brasil, no último final de semana.
Depois de muito martelar a cabeça em torno desse caso, acabei chegando a uma hipótese, que talvez ajude a explicar a razão do largo e permanente sorriso de Larissa. A explicação só pode estar no celular, que ela faz questão de aconchegar em seu voluptuoso decote.
Aparentemente, o aparelho conta com algum dispositivo que emite ondas eletromagnéticas capazes de ocasionar excitação involuntária na paraguaia. Essa teoria talvez ajude a sanar uma dúvida que atormenta algumas mulheres - a minha, inclusive: por que diabos ela precisa carregar o telefone entre os seios?
Agora já sabemos a resposta.
A propósito
Já que falei em Paraguai, não poderia deixar de comentar sobre Iván Piris, novo reforço do SPFC para a lateral-direita. Não poderia, mas deixarei. É que o péssimo futebol apresentado pela seleção paraguaia na Copa América certamente irá comprometer minha análise.
Por outro lado, há de se reconhecer que a vinda de um lateral de ofício já não era sem tempo. Jean é um ótimo volante e deve atuar como tal. Chega dessa história de tapar buraco em campo.
Sobre a nova contratação, só tenho duas coisas a dizer: sendo Piris, em vez de Pires, talvez venha a facilitar a vida dos semialfabetizados que, porventura, tenham de escrever seu nome; por outro lado, interessante notar que existem impressões digitais de Kia (não a fábrica de carros, mas aquele outro) na vinda do atleta para o Morumbi.


quarta-feira, 20 de julho de 2011

Em busca da medalha de bronze

Entre 1978 e 1986, a Argentina foi por duas vezes campeã da Copa do Mundo. O Brasil já contabilizava à época o tricampeonato. Acabou a década de 1990, passou a de 2000 e uma certeza se consolidou no futebol sul-americano: a hegemonia continental pertencia em definitivo a Brasil e Argentina, com os outros países lutando para serem considerados a terceira força. O que incluia o Uruguai, detentor do primeiro título mundial, e considerado uma potência ímpar até meados dos anos 1950.

Nesta briga pela terceira posição no continente, houve um lampejo por parte da Colômbia, cujo início pode ser simbolizado pelo 5x0 sobre a Argentina em 1993, em jogo válido pelas Eliminatórias, e que tem como ícone de seu encerramento a derrota para os EUA na Copa do Mundo do ano seguinte.

Posteriormente, coube ao Paraguai encampar a vocação para terceira força continental. A seleção guarani, até 1986, havia disputado apenas quatro Copas do Mundo; e a partir de 1998 iniciou uma trajetória que registrou em 2010 o quarto mundial consecutivo, com direito a uma histórica chegada às quartas-de-final da competição. O bom momento se verificou também nos clubes, com o Olimpia faturando a Libertadores de 2002 e Libertad e Cerro Porteño fazendo campanhas dignas.

E quando parecia que o Paraguai era em definitivo a terceira seleção do continente, veio um assombroso ressurgimento do futebol uruguaio. Que se mostrou ao mundo com a épica campanha na Copa da África do Sul e deixou claro que não era fogo de palha com as realizações de 2011 - vice-campeonato sul-americano sub-20; vice-campeonato mundial sub-17; vice-campeonato da Libertadores, com o Peñarol.

Pois bem: quis o destino - e os cobradores brasileiros de pênalti - que Uruguai e Paraguai se classificassem para a decisão da Copa América, que acontece no domingo. Duas zebras: a expectativa geral era que Brasil e Argentina decidissem o torneio.

A própria eliminação precoce de brasileiros e argentinos deixa claro que a Copa América não é o único e nem maior parâmetro para determinar a escala das forças do continente - o fiasco não tira, em hipótese alguma, o posto de Brasil e Argentina como hegemônicos. Mas, de qualquer modo, serve para apontar quem está no rumo certo.

Por isso, mais do que decidir quem leva para casa o troféu dessa fraca Copa América, Uruguai e Paraguai também apontarão quem merece ter a medalha sul-americana de bronze no peito.

O Astro

A Globo inovou e inventou uma novela 23h. Nem precisava de nada disso. Se precisa de um "astro" numa novela, basta chamar o Kleber.

Mais uma vez o Flamengo tenta obter o jogador, embora desta vez eu tenha lá minhas dúvidase a oferta é mesmo séria. Se fossem oferecer 7 milhões de Euros não teriam desistido do negócio em nota oficial, na minha opinião. Está com muita cara de querer tumultuar para tirar o atacante do jogo de hoje.

Mesmo assim, a diretoria do Palmeiras vem mostrando uma enorme preocupação com os interesses do clube, sem pender pro lado da torcida ou de jogadores. Tirone e Frizzo, tão criticados até mesmo por mim, acabaram saindo da história muito fortalecidos. Já o Kléber perdeu o 100% de adoração que tinha por parte da torcida palmeirense.

O torcedor Palmeirense torce apenas para que o último capítulo desta novela seja hoje. Acredito que joga porém, se não entrar em campo, deve jogar o próximo jogo pelo time da Gávea.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Carlitos Tevez, não foi desta vez...

O Corinthians desistiu oficialmente da contratação do argentino Carlitos Tevez nesta terça-feira. O Manchester City exigiu o pagamento à vista da primeira parcela do pagamento referente ao passe do jogador, cerca de R$22 milhões. O impasse gerou um prolongamento da negociação e inviabilizou uma possível inscrição do jogador no Campeonato Brasileiro, cujo prazo termina nesta quarta-feira, dia 20.

O fracasso na tentativa de contratação de Tevez jogou um banho de água fria na diretoria de marketing do Corinthians que esperava reeditar o sucesso promovido pela vinda de Ronaldo Fenômeno ao Parque São Jorge no início de 2009.

A expectativa é justificada pela grande identificação do argentino com a torcida, conquistada no Brasileiro de 2005 quando levou o Corinthians ao título e foi eleito o melhor jogador do campeonato. Desde então, a volta do jogador é frequentemente cogitada pelos torcedores e por alguns membros da imprensa.

Após a eliminação do time na Copa Libertadores da América de 2006, arrumou suas malas para ir defender o West Ham da Inglaterra. Passou também pelo Manchester United (onde inexplicavelmente amargou a reserva do medíocre Berbatov) e esteve no Manchester City desde 2009. Nos "Blues" tem sido sacado frequentemente durante as partidas, situação essa que o fez desejar não defender mais o clube inglês.

Apesar da negociação frustrada, o presidente do Coritnhians, Andres Sanchez, pretende tentar conversar novamente com os dirigentes do City ao final do ano. A torcida fica então no aguardo de um desfecho mais bem sucedido numa outra oportunidade. Não foi desta vez...

André volta para se firmar - ou não...

Uma das notícias mais relevantes de hoje foi a confirmação da contratação do centroavante André pelo Atlético-MG. Pretendido pelo Flamengo, André acabou optando pela equipe mineira, em virtude de uma melhor proposta apresentada.

Aos que não estão relacionando nome com pessoa, um esclarecimento: André é aquele atacante que envergava a camisa 9 do Santos no primeiro semestre do ano passado. Compunha, com Robinho e Neymar, a linha de frente de um Santos que encantou o país na primeira metade de 2010. Marcou gols importantes, como na final do Paulista contra o Santo André, e alcançou a seleção brasileira principal. Ainda no apagar das luzes do primeiro semestre, se transferiu para a Europa - primeiro para o Dínamo de Kiev, da Ucrânia, e posteriormente para o Bordeaux, da França.

Apesar do bom desempenho com a camisa santista, André sempre foi visto como o "patinho feio" daquela equipe. E o motivo para tal, mais do que atuações frágeis suas, eram os jogadores com quem jogava. "Com Neymar, Robinho e Ganso até eu" - esta frase foi muito ouvida por aí, como o argumento mais rápido para desqualificar o centroavante.

Curiosamente, o "até eu" não se aplicou a um centroavante muito mais badalado (até então) do que André. Keirrison chegou ao Santos com status de craque após a saída de André, jogou ao lado de Neymar e não prosperou.

Ainda assim, André acabou fazendo por merecer as críticas que recebia. Suas duas passagens por times europeus foram frustrantes. Chegou a ser eleito a pior contratação da Ucrânia. Na França também virou motivo de piada, e seu retorno ao Brasil era tido como certo.

André volta agora a terras nacionais e terá como comandante Dorival Júnior, o mesmo que o treinou em sua fase de ouro no Santos. Ao contrário do que desfrutou na Vila, encontrará um time em má fase e cujas pretensões no Brasileirão estão mais próximas do "escapar do rebaixamento" do que do "lutar pelo título". Vai ser sua chance definitiva de mostrar se é um jogador de qualidade ou se é mesmo digno do rótulo do "assim até eu".

Abrindo os trabalhos

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